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No Oeste do Paraná, projeto percorre cerca de nove mil quilômetros e capacita mais de 360 profissionais

No Oeste do Paraná, projeto percorre cerca de nove mil quilômetros e capacita mais de 360 profissionais

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No Oeste do Paraná, projeto percorre cerca de nove mil quilômetros e capacita mais de 360 profissionais

calendar_today 23 December 2019

O projeto também realizou rodas de conversa sobre prevenção da gravidez não intencional na adolescência

Desde março, iniciativa do UNFPA em parceria com a ITAIPU Binacional conta com equipe em Foz do Iguaçu para trabalhar no tema da prevenção da gravidez não intencional na adolescência

 

 

Conhecer diferentes realidades e demandas, mobilizar profissionais para o tema da gravidez não intencional na adolescência e reforçar a rede de atendimento a adolescentes nos 51 municípios que aderiram ao projeto conjunto entre a ITAIPU Binacional e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Essa tem sido a rotina da equipe do UNFPA alocada em Foz do Iguaçu, formada em março de 2019 para dedicação ao projeto Prevenção e Redução da Gravidez Não Intencional na Adolescência nos Municípios.

 

Em pouco mais de oito meses, a equipe percorreu cerca de nove mil quilômetros. O objetivo das viagens foi conhecer a realidade em todos os 51 municípios do projeto e instruir profissionais que trabalham com adolescentes. Apenas nesse período, foram realizadas 52 visitas e 25 capacitações e encontros para articulações e debates em diferentes localidades. Ao todo, foram mais de 100 horas de diálogos com os profissionais e gestores, com a capacitação de 361 profissionais da saúde, educação e assistência social.

 

Histórico e construção de diálogos

 

Uma característica específica do projeto é ter uma rotina de trabalho em que boa parte é realizada fora do ambiente do escritório. O ponto de partida das capacitações é o escritório do projeto, localizado dentro do Parque Tecnológico de Itaipu, em Foz do Iguaçu. No escritório, a equipe se reúne para mobilizar, organizar e estruturar as ações das capacitações. Utilizam os conhecimentos de comunicação, operações, assessoria técnica e de educação, de acordo também com critérios validados internacionalmente e utilizados pela ONU. 

 

Em abril, a equipe iniciou uma série de visitas e reuniões presenciais nos municípios, para mobilizar sobre o tema e iniciar a formação de equipes de profissionais que participariam de capacitações. Em junho foram realizadas as primeiras capacitações, reunindo profissionais de diferentes áreas – assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, técnicos e auxiliares administrativos, diretores, coordenadores e agentes de saúde, profissionais e coordenadores pedagógicos, médicos e educadores sociais.

 

Dos debates iniciais da equipe, surgiu a divisão do ciclo de capacitações em seis módulos: Adolescência e Direitos, Corporalidades e Afetividades, Adolescências e Diversidades, Violências no Contexto das Adolescências e Boas Práticas na Atenção Integral a Adolescentes. Os cinco primeiros módulos aconteceram de junho a dezembro de 2019. O sexto e último está sendo estruturado para finalizar em fevereiro de 2020. Também está previsto um novo ciclo de capacitações para um perfil de público e formato diferenciados.

 

Grandes distâncias e experiências

 

Os municípios participantes do projeto que ficam mais distantes de Foz do Iguaçu são Cantagalo, a mais de 300 quilômetros na direção Leste, e Guaíra, a 215 quilômetros ao Norte. Com viagens de ida e volta, partindo de Foz do Iguaçu, ou em roteiros com dois ou três municípios visitados no mesmo dia, as viagens realizadas pela equipe ao longo dos oito meses somaram cerca de 9 mil quilômetros. Essa quilometragem equivale a mais que o dobro da distância entre os pontos mais ao Norte e ao Sul do Brasil - Monte Caburaí, em Roraima, até Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul, distantes 4.394 quilômetros em linha reta.

 

De municípios com menos de oito mil habitantes a cidades com os mais de cem mil, o projeto conseguiu juntar profissionais oriundos de misturas étnicas, de tradições e costumes. Os encontros das capacitações foram organizados em cinco microrregiões, unindo municípios próximos territorialmente.

 

Assim, a cada módulo, com o auxílio de pontos focais nessas regiões, os profissionais do Oeste do Paraná se mobilizam e se encontram para participar das capacitações – uma rotina que têm complementado os conhecimentos adquiridos, na convivência de perto com a realidade de cada um.

 

Com esse intercâmbio, os participantes têm a possibilidade de atuar com profissionais de várias outras áreas e de municípios que nem sempre são da mesma regional de saúde ou de educação do estado. Também têm acesso a um rico conteúdo sobre assuntos pouco debatidos, com foco em auxiliar no trabalho junto aos sujeitos principais do projeto: os e as adolescentes.

 

Um outro motivo que desperta o interesse dos profissionais para participar das capacitações é o trabalho com a autoestima, autoconhecimento e a superação de preconceitos. Segundo Cintia Cruz, analista técnica do UNFPA que vem coordenando as capacitações, “esses espaços são de fortalecimento. Na medida em que a gente se desnuda dos próprios preconceitos, também aprendemos outras formas de encarar as coisas que fazemos”.

 

Troca de experiência e aprendizado

 

Para a participante das capacitações, psicóloga e orientadora social Camila Fabiane Damacena da Silva, a adolescência é uma fase peculiar, com demandas específicas, sendo importante estar preparado para compreendê-la. “A saúde e a educação devem ser a porta de entrada para falar com adolescentes. Trabalhar sobre isso, desenvolver um projeto em que nós nos capacitamos para passar para frente, é o grande momento dessa educação. Saber conversar com eles, ter a linguagem deles é fundamental. Todos deveriam entender melhor a demanda dos e das adolescentes”, diz.

 

Segundo o fisioterapeuta Fabiano Sartori, as capacitações são importantes para quebrar o receio de lidar com esses temas difíceis, principalmente com questões voltadas para adolescentes e a gravidez não planejada nesse período. Sartori percebe que há uma certa resistência de pequenos municípios em introduzir esses temas no trabalho, mas que com a troca de experiências com os municípios vizinhos, é possível agregar novas ideias.

 

“Vamos percebendo que esse tipo de assunto não é tão difícil assim de introduzir em nosso dia a dia. Então, eu vejo como um avanço todo esse período de capacitação, por que não é algo isolado, é uma capacitação continuada, percebemos que nossa equipe está evoluindo bastante e com certeza a longo prazo vamos colher frutos bastante interessantes em nossa região”, destaca.