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Mulheres refugiadas e migrantes buscam no conhecimento e na informação formas de combater o preconceito e a violência no trabalho

Mulheres refugiadas e migrantes buscam no conhecimento e na informação formas de combater o preconceito e a violência no trabalho

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Mulheres refugiadas e migrantes buscam no conhecimento e na informação formas de combater o preconceito e a violência no trabalho

calendar_today 30 November 2022

Yolimar Bastardo é liderança entre as mulheres Warao venezuelanas
Liderança entre as mulheres Warao em Boa Vista (RR), Yolimar incentiva a troca de informações e de experiências para o enfrentamento da violência (Foto: ONU Mulheres Brasil/Tiago Orihuela)

Com mais dificuldades para conseguir empregos formais, elas recebem treinamentos e capacitações para conhecer as leis brasileiras e os direitos trabalhistas 

Por meio do programa conjunto Moverse, implementado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e ONU Mulheres, com o apoio do Governo de Luxemburgo, mulheres refugiadas e migrantes venezuelanas têm recebido capacitações para encontrar no empoderamento econômico uma ferramenta de enfrentamento à violência baseada no gênero. E vão além: com informação e conhecimento, buscam eliminar o preconceito e a violência contra mulheres também no local de trabalho. 

Yolimar é uma mulher indígena venezuelana da etnia Warao e uma liderança entre as mulheres refugiadas e migrantes. Ela conta que as capacitações recebidas têm ajudado as mulheres a conhecerem seus direitos, identificarem e denunciarem a violência. “A violência de gênero é um tema bastante forte e profundo para nós, mulheres migrantes. Quando vivemos em abrigos, ficamos mais expostas à violência. Por isso a importância de nos informarmos, de nos sentirmos empoderadas e de sabermos que também temos direitos, assim como os homens”, explica. 

Ela reforça, ainda, a importância do empoderamento econômico como uma ferramenta para enfrentar a violência baseada no gênero. “Ter um trabalho estável nos ajuda a crescer. E a sociedade precisa dar mais valor ao trabalho das mulheres, independentemente de sua religião, de sua crença, de sua raça ou etnia”, afirma. “Cada mulher que trabalha de forma independente e tem um trabalho estável consegue enfrentar melhor as situações de violência, já que não depende de nenhum homem”, completa. 

Desde que chegou a Boa Vista, Ingrid tem se preparado por meio de cursos e capacitações para o mercado de trabalho brasileiro (Foto: ONU Mulheres/Paola Bello)

Ingrid também aproveita ao máximo as capacitações oferecidas. Ela chegou ao Brasil com cinco filhas e três filhos, e aguarda para ser interiorizada junto com a família e o marido.  

A pesquisa “Oportunidades e desafios à integração local de pessoas de origem venezuelana interiorizadas no Brasil durante a pandemia de Covid-19”, lançada por meio do Moverse, mostra que a interiorização possibilita melhorias nas condições de vida das pessoas refugiadas da Venezuela. Entretanto, a estratégia ainda oferece menos oportunidades de integração socioeconômica às mulheres – em especial, às mulheres negras.   

Ingrid conta que tem se capacitado para o mercado de trabalho, inclusive sobre os direitos que possui no Brasil, mas que também tem o desejo de empreender: “O trabalho é mais fácil para os homens arrumarem. Por isso é importante fazer os cursos. Aprendi  como entrar em uma empresa, quais são as leis, quais são as regras, os salários, o que acontece quando a mulher engravida ou se tem alguma condição de saúde. Tudo eu aprendi nesse curso, e foi muito importante. Agora estou pronta para o trabalho.” 

Sobre o Moverse – Iniciado em setembro de 2021, o programa conjunto Moverse - Empoderamento Econômico de Mulheres Refugiadas e Migrantes no Brasil é implementado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), ONU Mulheres e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com o apoio do Governo de Luxemburgo. O objetivo geral do programa, com duração até dezembro de 2023, é garantir que políticas e estratégias de governos, empresas e instituições públicas e privadas fortaleçam os direitos econômicos e as oportunidades de desenvolvimento entre venezuelanas refugiadas e migrantes. Para alcançar esse objetivo, a iniciativa é construída em três frentes. A primeira trabalha diretamente com empresas, instituições e governos nos temas e ações ligadas a trabalho decente, proteção social e empreendedorismo. A segunda aborda diretamente mulheres refugiadas e migrantes, para que tenham acesso a capacitações e a oportunidades para participar de processos de tomada de decisões ligadas ao mercado laboral e ao empreendedorismo. A  terceira frente trabalha também com refugiadas e migrantes, para que tenham conhecimento e acesso a serviços de resposta à violência baseada em gênero. Para receber mais informações sobre o Moverse e sobre a pauta de mulheres refugiadas e migrantes no Brasil, cadastre-se na newsletter do programa