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Dr. Babatunde Osotimehin, Diretor Executivo do UNFPA
Nações Unidas, Nova Iorque, 23 de maio de 2015

Foram alcançados progressos significativos na melhoria da saúde sexual e reprodutiva e no avanço dos direitos reprodutivos desde a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, realizada no Cairo, em 1994. Mas muitas pessoas, especialmente as mais pobres e vulneráveis, ainda não têm acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva de boa qualidade, incluindo os serviços de atenção a emergência obstétrica, que podem salvar suas vidas. Mulheres e meninas que vivem com fístula estão entre as mais excluídas e negligenciadas, e a persistência da fístula é um exemplo grave de desigualdades e da negação de direitos e dignidade.

O tema do Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica este ano é "Acabar com a fístula e restaurar a dignidade das mulheres", que se apresenta em momento oportuno e crucial. Na medida que se conclui o período dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e o mundo constrói uma nova agenda de desenvolvimento, temos uma excelente oportunidade para colocar os direitos e a dignidade das mulheres e meninas - incluindo aquelas privadas de direitos e visibilidade – no centro de uma agenda focada em pessoas, impulsionada pela equidade e baseada em direitos. Somente então poderemos transformar em realidade a visão de acabar com as mortes e lesões materno-infatis evitáveis, tornando real o mundo que queremos.

A Campanha Global pelo Fim da Fístula Obstétrica, lançado em 2003 pelo UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas e parceiros, potencializou o progresso para a erradicação da fístula e o apoio às sobreviventes da fístula com um estratégia tripla de prevenção, tratamento e reinserção social. O UNFPA apoiou mais de 57 mil operações cirúrgicas de reparação da fístula para beneficiar mulheres e meninas que necessitavam, e os parceiros da campanha contribuem para que muitas mais recebem o tratamento.

Mais e mais mulheres também recebem tratamento de reabilitação. Mulheres como Nasima Nizamuddin, do sul de Bangladesh, cujo o cônjuge a rejeitou com Najem, seu filho com nove meses, quando ela foi afetada com uma fístula durante o parto. Depois de uma cirurgia bem sucedida, a Sra Nizamuddin compareceu ao Centro de Capacitação e Reabilitação de Pacientes de Fístula, apoiado pelo UNFPA em Dhaka, para se recuperar emocionalmente e adquirir habilidades para ganhar o sustento, para que ela e seu filho possam viver com dignidade .

No entanto, muito mais precisa ser feito. Estimamos que há pelo menos dois milhões de mulheres afetadas por esta condição, e a cada ano há entre 50.000 e 100.000 novos casos. Felizmente, com a combinação certa de vontade política e liderança, o compromisso financeiro e aumento de intervenções baseadas em evidências, eficiente em termos de custo, o fim dos casamentos forçados e investimento na educação de meninas. Nós também podemos assegurar que outras não tenham o mesmo destino.

Decidamos, como comunidade mundial, que queremos um mundo onde não exista mais fistula. Vamos acabar de uma vez por todas com esta agressão contra a saúde e os direitos humanos de mulheres e meninas, que priva a dignidade e destrói uma das qualidades humanas mais fundamentais: a esperança. Em grande parte do mundo a fítsula já foi praticamente eliminada. É tempo de completar a tarefa. Todos trabalham em conjunto para remover a fístula do mapa.