Dr. Babatunde Osotimehin, Diretor Executivo do UNFPA
5 de maio de 2015
Hoje, Dia Internacional da Parteira, nos solidarizamos com as parteiras de todo o mundo e as agradecemos pelo trabalho que realizam de salvar vidas.
Uma das provas mais claras do cuidado e dedicação das parteiras foi o nascimento do bebê Obada, o número 3.000 nascido de forma segura na clínica de mulheres do acampamento de refugiados sírios de Za’atari, na Jordânia. Desde que a clínica começou a prestar serviços de partos normais em junho de 2013, todos os bebês nasceram saudáveis e com a taxa de mortalidade infantil e materna igual a zero.
Ao nos aproximarmos do prazo para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, nos orgulham os progressos feitos no âmbito do Objetivo 5, de melhorar a saúde materna. As mortes maternas foram reduzidas em quase 50%, de uma estimativa de 523.000 em 1990, para 289.000 no registro mais recente.
Porém, celebrar estes progressos ainda não é suficiente. Atualmente, quase 800 mulheres morrem diariamente devido as complicações relacionadas à gravidez e ao parto.
Devemos fazer mais. E devemos começar com a capacitação de mais parteiras.
Já é comprovado que as parteiras formadas de acordo com as normas internacionais podem fornecer 87% da atenção e cuidados essenciais que necessitam as mulheres e os recém-nascidos.
Hoje pedimos que exista um maior investimento para aumentar o número de parteiras e melhorar a qualidade e alcance de seus serviços. São necessários compromisso político e investimento na formação das parteiras para salvar milhões de vidas anualmente.
Hoje, e todos os dias, precisamos reduzir as lacunas na prestação universal de saúde sexual e reprodutiva, de cuidado e atenção à saúde materna e de recém-nascidos. Essas lacunas estão documentadas no relatório “O Estado das Parteiras no Mundo – 2014”, que indica o que deve-se avançar.
Recentemente ganhou destaque a discussão sobre a necessidade de sistemas de saúde equipados e de profissionais de saúde suficientes e adequados para o trabalho com a epidemia de Ebola na África Ocidental, onde mulheres grávidas tiveram dificuldades em ter serviços para obter partos seguros.
Em resposta a isso, o UNFPA está aumentando os serviços obstétricos para apoiar os serviços de saúde nos países afetados.
O UNFPA seguirá apoiando os serviços de cuidado obstétrico e garantia dos direitos e da saúde sexual e reprodutiva de todas as mulheres. Atualmente, o UNFPA financia mais de 250 escolas de parteiras com livros, equipe de capacitação e educadores qualificados, e tem ajudado a capacitar mais de 15.000 parteiras em todo o mundo.
O UNFPA apoia os serviços de atenção obstétrica em mais de 70 países em escala mundial, e, em 2014, ajudou a iniciar programas de bacharelado em obstetrícia no Afeganistão, Burkina Faso, Somália e Zâmbia.
Nos últimos quatro anos mais de 35 países se comprometeram a reforçar o cuidado obstétrico. Por exemplo, a Etiópia se comprometeu a quadruplicar o número de parteiras, de 2.050 para 8.635, e alcançará essa meta antes do tempo. Bangladesh se comprometeu a formar outras 3.000 parteiras e já está formando cerca de 2.000 parteiras em 31 centros de capacitação. Haiti graduou o primeiro grupo de parteiras no ano passado em sua nova escola especializada, construída depois do terremoto de 2010. E o Afeganistão reforçou a comunidade de parteiras, que já ajudou a reduzir a taxa de mortalidade materna em mais de 80% desde 2002.
Neste ano, enquanto nos preparamos para a agenda internacional de desenvolvimento, o pós 2015, queremos um futuro em que as parteiras desempenhem plenamente o seu papel de possibilitar partos seguros, promover a realização de partos saudáveis e proteger a saúde e os direitos de mulheres e meninas.
Em 2015, e posteriormente, todos nós no UNFPA seguiremos apoiando as parteiras em todo o mundo para garantir um futuro saudável para as gerações atuais e futuras.
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