Mesmo sendo um processo longo e burocrático, é possível que pessoas formadas em outros países solicitem o reconhecimento do ensino superior para atuar em sua área de formação
As dificuldades enfrentadas na Venezuela fizeram com que Aleska exercesse por pouco tempo seu sonho de ser médica pediatra. Em 2018, ela havia terminado a graduação e a residência em pediatria. Também havia conseguido emprego em dois hospitais, que conciliava com as rotinas da maternidade.
Rapidamente, porém, os salários recebidos por ela e seu marido perderam o poder de compra, e não foi mais possível sustentar a família com o básico. "Meu marido estava em quatro empregos e eu em dois hospitais, porém, no final do mês, o dinheiro não dava nem para as compras de comida no mercado", lembra.
Naquele mesmo ano, eles decidiram vir para o Brasil em busca da garantia de seus direitos e melhores condições de vida. Aleska, o marido e o filho chegaram ao país por Boa Vista (RR), onde moraram por alguns meses. Há três anos, a família vive em São Paulo (SP), onde ela tem a perspectiva de revalidar o diploma de medicina para atuar no Brasil.
De acordo com a regulamentação do Ministério da Educação, todas as pessoas que se formaram em medicina em outro país devem realizar o exame chamado Revalida: uma prova nacional para verificar os conhecimentos, habilidades e competências exigidos para o exercício da profissão.
Aleska comenta que este período, enquanto ainda não pode exercer sua profissão no Brasil, tem sido difícil. "Decidi voltar a trabalhar mesmo fora da minha área porque temos muitas contas para pagar. Fiz curso de babá, de cuidadora, de copeira hospitalar… e, com apoio do ACNUR e da International Finance Corporation (IFC), comecei a trabalhar como copeira em um hospital, onde fiquei por dois anos, mas queria muito poder trabalhar na minha área", lembra.
Segundo ela, a universidade na Venezuela levou mais de três anos para enviar a documentação necessária para o processo de revalidação do diploma no Brasil. "Saí do emprego de copeira para focar em estudar para o exame e comecei a trabalhar com telemarketing, porque era mais fácil para conciliar com os estudos".
Aleska já realizou a primeira etapa do Revalida. Agora espera a data para a realização da segunda fase da prova e, se aprovada, poderá enfim exercer a profissão de médica no Brasil. "Apesar das dificuldades eu vou insistir, porque não podemos perder a esperança", ressalta.
Saiba mais sobre a história de Aleska no vídeo a seguir: