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Encerramento da jornada aconteceu na última sexta-feira, 5, com participação de jovens, representantes das Secretarias de Justiça e Cidadania, Saúde e Mulher do Distrito Federal e do Fundo de População das Nações Unidas

Por Giselle Cintra

Ao longo da última semana, foram realizados três encontros nos dias 1°, 3 e 5 de fevereiro, com adolescentes de diferentes regiões do Distrito Federal. Na última sexta-feira (5), aconteceu o encerramento do “Fala, Adolescente: jornada pela prevenção da gravidez não intencional na adolescência”. O último dia foi marcado por compartilhamento de vídeos, vivências e intenso debate sobre planejamento da vida reprodutiva, direitos sexuais e gravidez não intencional.

A Jornada teve como proposta principal realizar uma conversa e aproximação com adolescentes e jovens residentes de diferentes regiões administrativas do DF, para debater e replicar medidas preventivas e educativas sobre saúde sexual e reprodutiva. “Desde o início estava muito bem colocado que este espaço [sala virtual] não era um lugar de vergonha, nem de culpa, silenciamento, tabu, muito pelo contrário, foi um processo baseado em outros valores: de informação como partilha, confiança e empoderamento. Então a gente foi se conhecendo melhor, escutando diversas histórias e foi também um momento para tirar dúvidas sobre métodos contraceptivos”, afirma Gabriela Monteiro, Oficial de Programa para Assuntos de Juventude do UNFPA.

Cerca de 20 jovens participaram dos encontros. Dez são integrantes do Comitê Consultivo de Adolescentes, que é vinculado ao Conselho Distrital dos Direitos da Criança e do Adolescente (CDCA-DF) e 10 são da Casa Akotirene (Quilombo Urbano – Rural). A jovem *E. A., de 15 anos, conta como a informação adquirida nos encontros impactou em sua vida: “Esse encontro serviu para esclarecer várias dúvidas que eu tinha. O encontro de quarta-feira que falou sobre relacionamentos abusivos tirou as vendas dos meus olhos, eu acabei me afastando de pessoas tóxicas. Me ajudou muito”, conta a jovem.

A Jornada também contou com uma oficina de audiovisual conduzida por Matheus Brasil, estudante de Cinema que facilitou a oficina. A partir de seus smartphones, os e as jovens produziram vídeos que trouxeram diferentes abordagens e narrativas sobre o tema, desde histórias bem humoradas feitas pela rede Tik Tok até relatos pessoais sobre relacionamentos abusivos. Durante o encerramento, houve uma apresentação de todos os produtos produzidos.

A educadora e idealizadora do projeto Tá bom de Tabu, Lorrany Castro, foi uma das facilitadoras dos encontros, ela contou quais temas foram de maior interesse dos e das participantes: “a gente conversou sobre relacionamento abusivo, início da vida sexual e violências de gênero, fiquei positivamente surpresa com a participação de todo mundo, e muito grata pelos adolescentes terem compartilhado tantas histórias”.

Fabiana Gadêlha, Subsecretária de Políticas para Crianças e Adolescentes, representante da Secretaria de Justiça e Cidadania, trouxe dados de pesquisa recente feita pela Codeplan sobre gravidez na adolescência no Distrito Federal: “Alguns índices diminuíram, mas a faixa etária dos 10 aos 14 anos, continua sendo a mais impactada, e é a faixa etária que tem a menor participação dentro das políticas públicas”. De acordo com a subsecretária, isso provavelmente acontece porque “as famílias não se sentem preparadas para poder abordar isso com seus filhos e filhas”.

Apesar da incidência de gravidez na adolescência ter apresentado uma queda de cerca de 17% de 2004 a 2015 no Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que ainda aproximadamente 18% dos nascimentos no país são de mães com 19 anos ou menos. Essa proporção está acima da média mundial, que é de cerca de 10% dos nascimentos de mães nessa idade. 

A Secretária de Estado da Mulher do GDF, Ericka Filippelli, também acrescentou ações e deveres do Estado perante as necessidades de meninas, jovens e mulheres. “Existem dois pontos muito importantes na luta do UNFPA que também é abraçada pela Secretaria da Mulher, que diz respeito à informação e ao acesso a todos os métodos contraceptivos. Não adianta informação por si só, é importante conseguirmos garantir o acesso aos métodos contraceptivos, [garantir] a livre escolha da menina e da jovem sobre o método que ela opta por utilizar e também um acompanhamento do Estado com relação a todas essas ações”.

Em consonância com a Secretária da Mulher, a Representante do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, Astrid Bant, reforça a importância de ações na garantia de direitos de adolescentes e jovens: “Articular ações para que adolescentes e jovens exerçam os seus direitos e sua saúde reprodutiva com segurança e consciência é fundamental para que ampliem suas habilidades para a vida e competências socioemocionais que são essenciais para seu pleno desenvolvimento. Ações como esta “Jornada” são de extrema importância para que acessem informações de qualidade e serviços acolhedores de saúde e planejamento reprodutivo.”

Todas as atividades foram organizadas pela Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (SEJUS/DF), em conjunto com as Secretaria de Saúde (SES/DF), Secretaria da Mulher do DF e do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil (UNFPA).

 

*Foram utilizadas apenas as iniciais do nome para a inteira segurança e sigilo de suas informações.