Começou nesta terça-feira (5/12) em São Paulo, o VII Seminário Internacional de Boas Práticas em Saúde do Adolescente nas Américas. O evento é organizado pela Secretaria de Saúde de São Paulo, pela Organização Pan-Americana da Saúde/OMS Brasil e pela Sociedade Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia da Infância e Adolescência.
No mundo existem cerca de 1,8 bilhão de adolescentes e jovens, entre 10 e 24 anos. Desse total, 160 milhões estão na América Latina e Caribe. No Brasil, esse número ultrapassa 51 milhões.
“Vivemos um momento em que é necessário investir em adolescentes para que possam desenvolver seu pleno potencial e protagonismo. Adolescentes e jovens com melhor saúde, educação e com plena capacidade para exercer seus direitos e cidadania tornam-se também mais autônomos e contribuem para transformar não apenas as suas próprias realidades, mas também a de suas comunidades e países”, disse a Oficial de Programa do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Anna Cunha durante a abertura do VII Seminário Internacional.
A representante do UNFPA também chamou a atenção para os diversos desafios enfrentados pela juventude. Recordou que em muitos países, adolescentes meninas que chegam a puberdade são consideradas aptas para o matrimônio e para a maternidade, tendo que abandonar os estudos, o que de fato representa uma séria de violação dos direitos humanos, além de terem sofrerem abusos e violência que comprometem a vida futura.
Outro dado desafiador, segundo ela, é a gravidez na adolescência. Sabe-se que no mundo as complicações advindas de gravidez e parto são a segunda principal causa de mortalidade entre as adolescentes de 15 a 19 anos. A falta de planejamento reprodutivo gera em torno de 89 milhões de gestações não desejadas e 48 milhões de abortos em países em desenvolvimento todos os anos, segundo um recente relatório divulgado pelo UNFPA.
A região da América Latina tem a segunda taxa mais alta do mundo de gravidez na adolescência e estima-se que quase 18% de todos os partos são de mulheres com menos de 20 anos de idade. No Brasil, um a cada cinco bebês que nascem, a mãe é adolescente. Entre estas, de cada cinco, três, não trabalham de forma remunerada e nem estudam; sete em cada dez são negras e a grande maioria mora no nordeste do país.
“O quadro requer muita atenção dos diferentes atores da sociedade e tem que se posto na mesa, como acontece nesse Seminário. Para uma mulher, uma gravidez não planejada interfere em vários aspectos da vida e quando falamos em adolescentes os obstáculos se multiplicam. Por isso é muito importante dar visibilidade e dar prioridade para adolescentes nas políticas públicas de saúde e também em ações voltadas para a saúde sexual e reprodutiva”, frisou Cunha.