Compreender o impacto da Covid-19 para a população negra está entre os objetivos do grupo de especialistas do GT Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA Brasil) e o Grupo Temático Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) firmaram parceria que visa promover a abordagem dos temas relacionados aos impactos do racismo na saúde. Especialistas se reuniram virtualmente nesta segunda-feira (1º), para compartilhar experiências e expectativas sobre o tema.
O apoio do UNFPA será estratégico para fortalecer as ações do Grupo Temático; produzir insumos preliminares de estudo sobre a situação da pandemia da COVID-19 na população negra e ampliar o intercâmbio com pesquisadores para a utilização de bancos de dados nacionais.
Para a oficial de Programa para Gênero, Raça e Etnia e Comunicação do UNFPA Brasil, Rachel Quintiliano, essa parceria é uma oportunidade para a agência da ONU seguir o seu compromisso em discutir sobre saúde a partir da perspectiva de raça, cor e etnia. “Acredito que essa parceria vai nos ajudar a entender o fenômeno do impacto da Covid-19 sobre a população negra, e também vai nos auxiliar a ter uma visão mais ampla sobre os aspectos que colocam essa população em desvantagem com relação ao acesso à saúde pública, para além disso, vamos evidenciar a produção de conhecimento das pessoas que estão pesquisando sobre o assunto”.
O GT Racismo e Saúde é um espaço de diálogo e de articulação entre pessoas pesquisadoras, profissionais de saúde e gestores de movimentos que trabalham com temáticas relacionadas ao racismo. Estavam presentes na reunião Edna Araújo, coordenadora do GT e membro do Conselho Deliberativo da Abrasco e Luís Eduardo Batista, coordenador do GT e integrante da diretoria da Abrasco. Edna compartilhou suas expectativas: “Temos uma expectativa de que essa parceria seja uma porta para trabalharmos juntos chamando a atenção para o problema da situação de vulnerabilidade de várias populações, sobretudo da população negra”.
Da mesma forma, para a pesquisadora convidada do Núcleo de Estudos de População da Universidade Estadual de Campinas, Estela Maria Cunha, “este é o início de uma parceria importante, pois espero que o reconhecimento de pesquisadores aumente cada dia mais, e é uma oportunidade para a formação de pesquisadores negros nesta temática”. Corroborando com Estela Maria, a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e técnica da Secretaria de Saúde, Márcia Alves, também ressaltou que essa parceria é uma oportunidade para pesquisadores da temática racial consolidarem uma jornada de aprendizado.
Para contribuir ainda mais com a parceria, o professor adjunto do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Alexandre da Silva, chamou a atenção também para a população idosa brasileira no contexto da pandemia. “Chego no GT trazendo um conhecimento das questões raciais na perspectiva do envelhecimento, e a pandemia parece estar criando mais um empecilho para essa população. Estamos enfrentando essa pandemia e o envelhecimento da população novamente esbarra nos conflitos sociais e raciais”.
A parceria entre UNFPA Brasil e ABRASCO está sendo construída a partir da perspectiva de investimento em organizações da sociedade civil, e neste caso, está alinhada com o Plano de Ação da III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, realizada em Durban (2001) e também com o Plano de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, realizada em 1994.