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Em um Dia Mundial de População marcado pela pandemia da COVID-19 – a data é celebrada neste sábado, 11 de julho – o Fundo de População da ONU alerta para a necessidade de proteger mulheres e meninas, sobretudo em relação à violência baseada em gênero. De acordo com a diretora-executiva do UNFPA, dra. Natalia Kanem, o progresso global para colocar um fim às diversas agressões contra mulheres deve sofrer sérias retrações, sendo encurtado nesta década em pelo menos um terço. Além disso, o acesso à saúde sexual e reprodutiva, como pré-natal e contraceptivos, também está ameaçado.

De acordo com uma pesquisa recente do Fundo de População da ONU, se as medidas de isolamento social e interrupção de serviços relacionadas à pandemia durarem por seis meses, 31 milhões de casos adicionais de violência contra a mulher podem ser esperados e 47 milhões de mulheres em 114 países de média-renda, inclusive o Brasil, podem ficar sem acesso a métodos contraceptivos modernos. Isso implicaria em 7 milhões de gravidezes não intencionais. 

A violência de gênero e a ameaça contra os direitos de mulheres e meninas, especialmente os direitos reprodutivos, são consideradas pelo UNFPA “a pandemia dentro da pandemia”. Por isso, é essencial que governos e sociedade enxerguem essas vulnerabilidades. “Nenhuma organização ou país pode fazer isso sozinho. A pandemia é um lembrete severo da importância da cooperação global”, afirma dra. Natalia Kanem, em seu pronunciamento oficial. 

“Mensagens públicas positivas sobre equidade de gênero, desafiando estereótipos de gênero e normas sociais nocivas podem reduzir o risco de violência. Nisso, homens e meninos podem e devem ser aliados fundamentais”, complementa a diretora-executiva. “Saúde sexual e reprodutiva é um direito e, como gravidez e partos, os direitos humanos não param durante pandemias”. 

No Brasil, o Fundo de População da ONU também atua em parceria com governos e a sociedade civil para frear o impacto da COVID-19 entre as pessoas em situação de maior vulnerabilidade, com enfoque na prevenção da violência contra mulheres e na disponibilidade de serviços de saúde sexual e reprodutiva. “Esse é o momento em que precisamos redobrar todos os nossos esforços e trabalhar que as desigualdades, que são evidenciadas pela pandemia, não sejam um obstáculo para a garantia de direitos de todas as pessoas”, afirma Astrid Bant, representante do Fundo de População da ONU.