No Brasil, 1 em cada 5 bebês nasce de uma mãe com idade entre 10 e 19 anos, segundo o IBGE. Além disso, de cada três mulheres casadas com idades entre 20 e 24 anos, uma se casou antes de completar a maioridade. Para refletir sobre esse contexto, nesta sexta-feira (7), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) foi convidado pelo Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha (HMEC), em São Paulo, para participar de um simpósio sobre saúde sexual e reprodutiva, planejamento familiar, com foco também em adolescentes e jovens.
Além de falar sobre a gravidez não-intencional na adolescência, o evento trouxe a discussão sobre programas de planejamento reprodutivo, promoção de autonomia e empoderamento. No Brasil, a educação e a renda, duas das desigualdades mais relevantes, impactam diretamente nas taxas de fecundidade. As condições socioeconômicas também refletem no acesso a informações e a serviços de saúde sexual e planejamento da vida reprodutiva.
Segundo a oficial de programa do UNFPA no Brasil, Anna Cunha, são necessárias ações direcionadas à prevenção da gravidez não-intencional na adolescência, e elas devem incluir a educação em gênero e sexualidade, englobando a oferta de recursos educacionais. “O empoderamento de meninas e adolescentes e a corresponsabilidade masculina, para que possam tomar decisões voluntárias, informadas e responsáveis, devem incluir o acesso a insumos de saúde reprodutiva, como preservativos e contraceptivos, e a oferta de serviços de saúde de qualidade e acolhedores para adolescentes, respeitando aspectos como privacidade, confidencialidade e autonomia”, completou a oficial.
Além da oficial do UNFPA, a doutora Cristina Guazzeli, professora da Escola Paulista de Medicina, UNIFESP, também participou do evento. Ela discutiu sobre a ampliação dos métodos anticoncepcionais e da variabilidade entre eles. Além disso, abordou as vantagens da utilização dos anticoncepcionais de longa duração em adolescentes e alguns desafios que têm dificultado sua implementação no Brasil.
Também participou da discussão a Dra Albertina Duarte, responsável pelo programa de saúde do adolescente da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo. A médica apresentou dados sobre gravidez no Brasil, principalmente no estado de São Paulo. Além disso, expôs as boas práticas de atuação do estado com o foco no empoderamento e na construção de habilidades como aspecto fundamental para evitar a gravidez na adolescência ou uma segunda gravidez não intencional.
A ação contou com a participação de cerca de 70 profissionais da saúde, com grande parcela de residentes, gestores e gestoras. O evento, teve como foco principal, a capacitação e o aperfeiçoamento profissional das pessoas que trabalham com a saúde. O objetivo foi promover o fortalecimento de trajetórias de adolescentes e jovens, para que tenham perspectivas, projetos de vida e oportunidades.