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Começou na última semana a segunda turma do programa de estágio afirmativo do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil (UNFPA). Lançado em 2016, o programa conta atualmente com 10 estagiários e visa oferecer a estudantes universitários/as treinamento e experiência profissional em uma agência das Nações Unidas, bem como a oportunidade de conhecer melhor os temas do mandato do UNFPA.

Estagiários do UNFPA em 2017. A partir da esquerda: Noel Olokodana, Jacqueline Lopes, Vanbasten Noronha, Aline Souza, Beatriz Sabô, Carol Rodrigues, Camila Ferreira, Carlos Gomes, Taya Carneiro e Jorge Salhani. Foto: Ulisses Bigaton

Além de estarem vinculados/as a um curso de graduação, o processo seletivo considera se os/as estudantes pertencem a grupos sociais em situação de desvantagem. A proposta de constituir uma equipe plural, com pessoas pretas, pardas e indígenas, de minorias sociais, com deficiência e/ou de baixa renda, é um diferencial do estágio afirmativo do UNFPA.

Para Jaime Nadal, representante do UNFPA Brasil, não seria totalmente honesto considerar que a organização trabalha em prol do desenvolvimento de pessoas vulneráveis sem ter um contato direto com elas: “a diversidade não pode ser somente um aspecto do que fazemos da porta para fora. Tem que ser uma prioridade também da porta para dentro”.

Nadal ainda comenta que a participação dos/as jovens estagiários/as na equipe do UNFPA Brasil traz novas perspectivas a todos e todas. “Temos que ter coerência para não somente falar, mas fazer”, acrescenta Nadal, “falar sobre a importância de se ter diversidade e fazer com que essa diversidade seja reconhecida internamente”.

Elisa Espósito fez parte da primeira chamada do programa de estágio afirmativo do UNFPA Brasil, na área de juventude. Ela relata que a diversidade no escritório chamou sua atenção positivamente quando chegou. “Diversidade é muito importante para tornar todos os grupos sociais representativos, já que trabalhamos diretamente com a sociedade e com o governo”, afirma Elisa.

A estudante conta que nunca tinha se sentido tão conectada a uma equipe de trabalho: “você é integrado/a como parte da equipe, estando presente em todas as reuniões, participando de discussões e tendo sua opinião escutada”. Da mesma maneira, Letícia Ferreira, estagiária de comunicação em 2016, diz que sentiu a equipe empenhada em diversificar o escritório em todos os momentos.

Taya Carneiro substituiu Letícia e ocupa atualmente uma das duas vagas de estágio em comunicação do programa. Ela comenta que o UNFPA Brasil dá efetivamente oportunidade de aprendizado às minorias. “Dá pra perceber que tem muitas pessoas LGBT no estágio, pessoas negras, eu, que sou trans… Isso é super legal! Aqui a minha identidade de gênero não é um problema, é algo que não faz diferença”.

Com duração máxima de seis meses, os/as interessados/as podem participar do processo seletivo para distintos campos de atuação, com base nas suas experiências acadêmicas e profissionais prévias. As áreas nas quais o estágio é oferecido são administração, adolescência e juventude, comunicação, gênero e raça, população e desenvolvimento e saúde reprodutiva e direitos. A terceira chamada está prevista para junho deste ano.

“A resposta do estágio (afirmativo) tem sido excelente em vários aspectos, tanto na qualidade dos alunos quanto no feedback que o UNFPA recebe”, explicou a gerente de Operações do UNFPA, Maria Helena Mizuno. “É um projeto antigo que foi concretizado recentemente. Acredito que a tendência é que outras agências criem estágios assim”.

(Texto de Jorge Salhani, estagiário da comunicação, sob a supervisão de Ulisses L. Bigaton)