O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) participou na sexta-feira, 29, em Salvador, Bahia, de três diálogos estratégicos com objetivo de ampliar e acompanhar as ações desenvolvidas em parceria no estado. Pela manhã, a representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, participou da mesa de abertura do 3º encontro da Capacitação em Redução de Danos e Atenção às Populações Urbanas Vulneráveis, realizado pelo organismo internacional em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o programa Corra pro Abraço, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado da Bahia (SJDHDS) e da Universidade Federal da Bahia.
O evento, que teve cerca de 120 participantes, discutiu o tema “Cuidado à maternidade e à infância em contextos de vulnerabilidade”. A representante do Fundo de População explicou como o trabalho de mais de uma década com o estado da Bahia se conecta ao assunto. “É uma grande satisfação estar na Bahia neste mês que se celebra o Novembro Negro e os 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher. Apesar dos avanços no Brasil, ainda são necessários esforços mais significativos. As mulheres precisam de informações, serviços e insumos para tomarem as melhores decisões sobre suas próprias vidas e famílias”.
Bant enfatizou a importância das mulheres em contextos de vulnerabilidade terem conhecimento sobre seus direitos, sobretudo à saúde. “As mulheres que fazem uso de álcool e outras drogas e que se encontram em situação de rua também precisam destas informações. O Acesso ao planejamento reprodutivo voluntário e serviços de qualidade em saúde sexual e reprodutiva permitem às mulheres e jovens tomarem decisões sobres suas trajetórias reprodutivas segundo seus desejos e expectativas”. Ela compôs a mesa ao lado de Emanuelle Silva, da Suprad/SJDHDS, Trícia Calmon, coordenadora do Corra pro Abraço, Edgilson Tavares, professor da UFBA e Elizabete Dantas, assistente social do Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) Gregório de Matos.
A capacitação seguiu durante o dia e teve a participação da assistente de programa Patrícia Silva, que conduziu a mediação do grupo de trabalho sobre Saúde Sexual e Reprodutiva. Já a oficial de projetos Michele Dantas acompanhou a representante na visita ao terreiro Unzó Maiala, no bairro do Garcia. O espaço sagrado foi um dos vencedores do edital Ela Decide, realizado pelo UNFPA com apoio do Fundo Elas, após a aprovação do projeto Matriarcalidade: O poder das Yabás e a força geradora da vida.
“Foi muito importante esse apoio. Falamos sobre diversos processos. Como uso das plantas em efusões, autocuidado e autoconhecimento associados ao acompanhamento médico. Fizemos várias leituras sobre nossa relação com a menstruação, por exemplo, para entender nossos corpos. Abordagens com a qual as mulheres se identificaram, passando a compreender os ciclos e como se cuidarem”, contou a coordenadora do projeto, Mameto Zumbaraná.
O projeto foi desenvolvido com o intuito de garantir às mulheres de comunidades acesso a informações sobre métodos contraceptivos e saúde sexual e reprodutiva, por meio de quatro ciclos de formativos. Para Luana Ferreira, analista de projetos do Fundo Elas, presente no encontro, o interessante desta ação é o poder da informação. “É algo incrível! É essencial. A gente tem uma experiência no interior que amplia o olhar e a dimensão do autocuidado”.
Após a visita ao terreiro, a equipe do UNFPA reuniu-se com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), no intuito de dialogar sobre ações em parceria. Participaram pelo órgão estadual o subsecretário, Danilo Melo, e Marcius Gomes, coordenador executivo de projetos estratégicos. “A secretaria tem alguns projetos desenvolvidos há algum tempo sobre educação sexual e estamos fazendo um monitoramento sobre este tema. Também estamos com várias ações intersecretariais, e entendemos que o UNFPA vem para fortalecer esta ação. Nos colocamos à disposição para discutir as estratégias”, afirmou Danilo Melo.
Melo contou ainda que o tema da gravidez na adolescência tem sido uma das causas para a evasão escolar das adolescentes. Neste sentido, Astrid Bant falou sobre a importância de cuidar das adolescentes e jovens que se tornam gestantes no período escolar. “Temos como metas que as meninas não engravidem na escola. Mas, se engravidam, elas ainda assim precisam de ajuda. As que engravidam possuem todos os direitos de serem educadas. E a atenção precisa ser grande, pois uma vez que ela tem um filho, é muito provável que tenha outros ainda na adolescência”, alertou.