Declaração da Dra. Natalia Kanem, Diretora Executiva do Fundo de População das Nações Unidas
Condeno fortemente os recentes decretos das autoridades de facto Talibãs, que proíbem as mulheres de frequentar o ensino superior e de trabalhar com organizações humanitárias nacionais e internacionais. Essas decisões violam a lei internacional de direitos humanos e negam às mulheres e meninas no Afeganistão a liberdade e a capacidade de fazer suas próprias escolhas e decisões, privando-as de sua autonomia e dos direitos que deveriam ser garantidos enquanto seres humanos.
Ao negar às mulheres e meninas o direito à educação, as autoridades de facto estão negando as contribuições de metade da população afegã para o desenvolvimento nacional, crescimento econômico e estabilidade do país.
As mulheres também são fundamentais para uma resposta humanitária eficaz. A cada mês, 24.000 mulheres dão à luz em áreas de difícil acesso do Afeganistão, e essas mulheres precisam de serviços de saúde para dar à luz com segurança. O UNFPA, a agência de saúde sexual e reprodutiva das Nações Unidas, conta com mulheres trabalhadoras humanitárias para fornecer serviços de saúde e proteção que salvam vidas a mulheres e meninas no Afeganistão. No ano passado, elas e outros parceiros ajudaram o UNFPA a alcançar 4,3 milhões de afegãos com serviços essenciais de saúde reprodutiva, materna, neonatal e infantil, e quase 1 milhão de pessoas com serviços de apoio psicossocial, treinamento em habilidades para a vida e informações.
O UNFPA se solidariza com o povo do Afeganistão, como temos feito nos últimos 46 anos. Pedimos às autoridades de facto que permitam que mulheres e meninas voltem à escola e que mulheres que trabalham para organizações não-governamentais continuem salvando vidas de milhões de afegãos em extrema necessidade.
Por Natalia Kanem