A presidente do IPEA, Luciana Servo, afirma em reunião com a diretora-executiva do UNFPA, Natalia Kanem, que o Brasil tem várias desigualdades
Brasília, DISTRITO FEDERAL – Como usar o pensamento estratégico – que é olhar para além de quatro ou cinco anos e usar dados para construir estudos – com vistas a impulsionar o desenvolvimento econômico e social do Brasil sem deixar ninguém para trás? Este foi o tema do diálogo sobre cenários futuros de desenvolvimento entre representantes do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em Brasília, no último dia 10 de maio. A conversa transcorreu sob a premissa de que unir dados e evidências é fundamental para construir e acelerar uma perspectiva de futuro voltada ao desenvolvimento e à superação das iniquidades no país.
“Nosso compromisso é apoiar como vocês estão abordando a questão da desigualdade por meio dos dados, que é fantástica”, disse a diretora-executiva do UNFPA, Natalia Kanem, ao ouvir relatos detalhados do trabalho do MPO e dos órgãos que produzem dados estatísticos do governo brasileiro. “Destaco a importância do uso de dados em seu planejamento, e eu falo isso em outros países, usando os dados para além da análise das médias, tentando olhar para seus componentes e ver o que dizem”, completou.
A presidente do IPEA, Luciana Servo, relembrou que apesar dos avanços, ainda existem algumas desigualdades que impactam mais, como o mercado de trabalho relacionado a mulheres, em especial a mulheres negras. “Temos que pensar no crescimento populacional brasileiro a partir de uma base inclusiva. E essa base populacional vem de crianças e jovens negros. Então mudanças significativas nesse grupo populacional podem fazer grande diferença em nosso modelo de desenvolvimento”, destacou Luciana.
Segundo o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, o país está em um momento de revisão da metodologia de seus estudos demográficos e contar com a parceria do UNFPA “nos ajuda a interpretar os dados de outra maneira, diferente do eurocentrismo, que é quando aparecem questões muito importantes”, disse ele. “O Brasil está precisando pensar a longo prazo; nossa força de trabalho em 2050 já nasceu, já está aí. E o que temos a oferecer a eles em termos de políticas públicas?” indagou.
Relembrando a colaboração do UNFPA para a realização do Censo Demográfico de 2022, quando foram apresentadas, pela primeira vez, categorias de cor e de raça nos municípios brasileiros, além de incluir a população indígena, o secretário de Articulação Institucional do MPO, João Vilaverde, afirmou que a parceria foi fundamental para os excelentes resultados do Censo. E que este trabalho tem projetado o Brasil no cenário internacional. “Continuamos firmes em nossa parceria”, assegurou.
Para concluir, Natalia Kanem chamou os parceiros a formar parte dos Diálogos Globais que vêm sendo realizados por ocasião dos 30 anos da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (ICPD), bem como à realização conjunta dessas discussões. Ainda, reforçou o apoio do UNFPA aos parceiros no que se refere à produção de dados e evidências para apoiar na preparação e realização de debates a serem realizados em diferentes fóruns, inclusive na Cúpula do Futuro, que acontecerá em setembro de 2024.
Pelo UNFPA, também participaram do diálogo a Diretora Regional para América Latina e Caribe, Susanna Sottoli, a Representante do UNFPA para o Brasil e Diretora de País para Uruguai e Paraguai, Florbela Fernandes, e a Representante Auxiliar do UNFPA no Brasil, Júnia Quiroga. Contribuíram nas discussões, pelo MPO, o Secretário Adjunto de Articulação Institucional, Marcelo Ribeiro Moreira, a Coordenadora-Geral de Assuntos Parlamentares, Patricia Parra, e o assessor Ariel Pares, além de Carlos Henrique Leite Corseuil, Diretor de Estudos e Políticas Sociais do IPEA, e Roberto Sant'Anna, chefe da Assessoria Internacional do IBGE.