Profissionais de de 17 estados participaram da capacitação
MANAUS, Amazonas - O curso online de Manejo Clínico da Violência Sexual, concluído no mês de julho de 2024, foi implementado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em parceria com a Fiocruz da Amazônia e contou com o apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
O público capacitado foi de 284 profissionais de saúde, desses 247 são mulheres, 36 homens e uma pessoa não-binária. Estes números indicam que os cuidados com a saúde de sobreviventes da violência sexual estão majoritariamente a cargo de profissionais do gênero feminino.
O perfil profissional dos participantes foi de médicas, enfermeiras, técnicas de enfermagem, agentes comunitárias de saúde, psicólogas e assistentes sociais e acadêmicas, a maior parte vinculadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
“Procuramos instrumentalizar os profissionais para uma atuação efetiva, reflexiva, humanizada, multidisciplinar e em rede em sua assistência. As lacunas mais importantes e determinantes para o atendimento das sobreviventes de violência sexual estão relacionadas diretamente aos protocolos de atendimento desse público pelos profissionais de saúde como os aspectos psicológicos de sobreviventes, consequências da violência sexual, profilaxia da gravidez indesejada, profilaxias das IST/HIV e abortamento legal”, destaca Zélia Campos, Chefe do Serviço de Atendimento à Vítima de Violência Sexual da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus e responsável pela elaboração do Plano Pedagógico do curso.
Embora inicialmente voltado a profissionais da região Norte do Brasil, o curso contou com participantes dos sete estados da região Norte - Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins - e também de outras 10 unidades da Federação - Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe e Distrito Federal.
Para a psicóloga Leila Marcia Neri Grave, de Salvador, o curso “preencheu uma lacuna importante, porque percebo que carecemos de formação em manejo clínico da violência sexual”, disse ela. “Como psicóloga, me sentia confusa quanto a alguns detalhes sobre a parte de exames e profilaxia, então contribuiu muito para isso”, complementou Leila.
O objetivo da capacitação – assim como de todo o projeto – foi fortalecer as capacidades das redes locais de prevenção e enfrentamento à violência baseada no gênero no Amazonas e em Roraima. O projeto foi montado em três eixos: o acesso à informação e prevenção à violência baseada no gênero, o fortalecimento dos serviços de proteção especializados, e a construção de capacidades e advocacy.
Para Débora Rodrigues, Chefe de escritório do UNFPA em Manaus, o fortalecimento das capacidades locais é fundamental para assegurar que meninas e mulheres sejam atendidas a partir de uma perspectiva humanizada. “Essa capacitação pode apoiar profissionais de saúde que estão na linha de frente do atendimento às meninas e mulheres sobreviventes de violência. O trabalho intersetorial é necessário para que a sobrevivente de violência receba uma atenção integral e não seja revitimizada”, afirma Débora.
