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Covid-19 pode agravar quadros de doença, pobreza e a capacidade de recuperação da população negra no Brasil após a pandemia

Covid-19 pode agravar quadros de doença, pobreza e a capacidade de recuperação da população negra no Brasil após a pandemia

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Covid-19 pode agravar quadros de doença, pobreza e a capacidade de recuperação da população negra no Brasil após a pandemia

calendar_today 05 June 2020

(Reprodução/youtube)

Pesquisadores, sociedade civil e gestores públicos discutiram sobre população negra em webinário realizado pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) e UNFPA Brasil

“Não existe ainda estudo conclusivo sobre o assunto, mas o que sabemos, demonstra que a pandemia da Covid-19, o racismo e a dificuldade da população negra em exercer seus direitos, tem resultado em um agravamento de quadros de doença, uma maior letalidade e, certamente, em mais desemprego e pobreza”. 

Nesta quarta-feira (4), a representante do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, Astrid Bant, introduziu com esta frase, o webinário sobre população negra e Covid-19. Realizado em parceria com a Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), pesquisadores, sociedade civil e gestores públicos participaram do debate. Entre as constatações apresentadas estão os avanços da letalidade da doença sobre a população negra, e também os obstáculos que as iniquidades, o racismo e a discriminação impõem para essas pessoas, as tornando mais vulneráveis nesse contexto de pandemia.  

O subsecretário de Políticas de Direitos Humanos e de Igualdade Racial da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do Distrito Federal, Juvenal Araújo Júnior, apontou a visão sobre a política brasileira de igualdade racial. “Graças a ícones e movimentos negros brasileiros, a política de promoção da igualdade racial no Brasil foi implementada. Mas ainda existem desafios que ainda não foram possíveis vencer. Não há outra forma de conseguirmos equidade e igualdade racial no Brasil sem ser por meio  de políticas públicas. Estas devem ser efetivas e permanentes”.

 

O subsecretário também abordou sobre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. “Nós temos esse programa porque a população negra é mais suscetível a determinadas doenças, a mais famosa é a anemia falciforme, assim como o negro também é mais propenso a ter diabetes Mellitus, glaucoma e hipertensão arterial. Nesse momento de pandemia, a população negra não está incluída no grupo de risco, mas hoje estamos com o maior número de morbidade de pessoas negras”.

Para ampliar o debate sobre a taxa de letalidade do novo coronavírus, o professor Adjunto do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Alexandre da Silva, aponta que “existem vários grupos sociais, como pessoas idosas, negras e pobres, que estão expostos aos mais diversos tipos de vulnerabilidade, mas é perceptível que a Covid-19 possui um acometimento desigual, pois em qualquer faixa etária, se observa que o óbito é maior para pessoas pretas e pardas no Brasil”. (Veja imagem abaixo)

Taxa de letalidade raça/cor da pandemia da covid-19. Fonte: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Reprodução/apresentação Alexandre da Silva)

Em consonância com o professor Alexandre, a coordenadora da ONG Criola, Lúcia Xavier alertou que a pandemia tem uma larga presença entre a população negra, ela apontou também os desafios que essas pessoas enfrentam. “Como não há uma data para a pandemia acabar, certamente vamos passar algum tempo tentando buscar novas formas de prevenção e controle”. 

A coordenadora da ONG Criola ressaltou que a pandemia acirrou e vai continuar acirrando a crise sanitária, econômica, política e social enfrentada pela população: “as questões sociais relacionadas à população negra não serão as mesmas depois da pandemia, porque os sistemas econômicos, políticos e sociais também se transformaram nesse período, e consequentemente, a lógica capitalista e excludente também muda”.

Do ponto de vista internacional, a coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres (com base em Moçambique desde 2014), Graça Samo, reconhece que a pandemia da Covid-19 é um fenômeno que possui comportamento capitalista, colonialista e racista. “A forma como a resposta é dada, é similar ao do colonialismo, pois temos que nos submeter a medidas de prevenção e proteção que caíram de cima para baixo, não tivemos tempo para analisar até que ponto essas medidas são as que melhor se adequam à nossa realidade e até que ponto vão contribuir para que vidas sejam salvas”, conclui Graça Samo.

Assista esse debate na íntegra 

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A cada semana, a série “População e Desenvolvimento em Debate” promovida por UNFPA e ABEP realiza discussões entre academia, governo e sociedade civil sobre temas emergentes na Agenda de População e Desenvolvimento aliadas ao contexto atual. Na próxima edição, a série de webinários vai abordar sobre saúde coletiva e engajamento social no contexto da Covid-19.

 

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