Conheça os caminhos para sair de situações de violência e os principais canais de denúncia
Algumas expressões do dia a dia se perpetuaram no imaginário do brasileiro e ajudaram na normalização das agressões contra as mulheres. Quem não conhece "em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher"? Ou até mesmo a citação de Nelson Rodrigues: "nem todas as mulheres gostam de apanhar, só as normais"?
Ainda hoje é comum que vítimas sejam julgadas pela família, sociedade, mídia e até mesmo pelos órgãos responsáveis pela proteção. É o que pode ser chamado de “revitimização das mulheres”. No entanto, o que mais essas mulheres precisam é de acolhimento e de uma escuta sem julgamento, pois os caminhos para sair dos ciclos de violência podem ser longos e cada passo é importante. Veja abaixo algumas etapas deste processo:
- Reconhecer que está em situação de violência
- Pedir ajudar (institucional ou informal)
Busque uma rede de apoio segura. Amigos, familiares, vizinhos. Em casos urgentes, busque o porteiro do prédio, a farmácia mais próxima, toda ajuda possível. - Fazer a denúncia pelos canais especializados
- Solicitar medida protetiva (se necessário)
Em casos urgentes, - a própria delegacia pode conceder medidas protetivas
- Formalizar a denúncias, prestar informações/depoimentos dos processos judicializados
- Recomeçar
É importante deixar claro que as etapas descritas podem não seguir uma ordem exata. E muitas vezes não acontecem nessa ordem, por exemplo, muitas mulheres são vítimas de tentativa de feminicídio, sem nunca terem tido a possibilidade ou coragem de realizar uma denúncia formal contra o companheiro.
Além disso, as denúncias não precisam, necessariamente, partir da vítima, podem ser feitas por um colega de trabalho, vizinho, síndico do prédio, amigo ou familiar. Todos podem cooperar nesse momento e fazer parte da rede de acolhimento a essa mulher.
E são vários os canais de denúncia. Abaixo listamos os principais e a função de cada um:
● Disque 190: é uma comunicação de urgência e emergência. Fatos que estejam em andamento ou tenham acabado de ocorrer. Por exemplo, homem armado na porta da casa da ex-companheira.
● Disque 180: é uma escuta qualificada às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias aos órgãos competentes, bem como reclamações e sugestões. Pode servir como canal de informação sobre a rede de proteção às mulheres e de orientações para quem quer ajudar uma mulher em situação de violência.
● Disque 100 - Disque Direitos Humanos: é um “pronto socorro” dos direitos humanos, atende graves situações de violações de direitos, principalmente dos grupos vulneráveis*. É um serviço de informações e de denúncias, que funciona 24 horas, incluindo sábados, domingos e feriados.
*Grupos e temas atendidos: crianças e adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, população LGBT, população em situação de rua, discriminação ética ou racial, tráfico de pessoas, trabalho escravo, terra e conflitos agrários, moradia e conflitos urbanos, violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais, violência policial, contra comunicadores e jornalistas, contra migrantes e refugiados.
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Esse material faz parte da campanha "Você não está sozinha", uma parceria do Sesc e da UNFPA Brasil no combate a violência de gênero em todo o país.