Porto Alegre - O lançamento da campanha “Mais Direitos, Menos Zika” aconteceu ontem no Salão de Atos da Universidade do Rio Grande do Sul e juntou o UNFPA e seus parceiros CONASS, CONASEMS e Dream Team do Passinho numa grande estréia no sul do país. A campanha de âmbito nacional promove o acesso à informação e aos insumos contraceptivos como estratégia para enfrentar a epidemia do vírus zika.
O slogan “Eu quero Mais Direitos, Menos Zika” já vinha sendo anunciado ao longo de todo o Simpósio Internacional de Saúde da População Negra que começou na terça-feira, sob coordenação da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. Na plateia, profissionais de saúde e lideranças da sociedade civil aguardavam o lançamento de uma campanha que defende os direitos de todas e todos, em especial os direitos sexuais e reprodutivos que foram diretamente afetados pelo zika
A cerimônia foi aberta pelo representante-adjunto do Fundo de População da ONU, Yves Sassenrath, que lembrou que o vírus zika não se trata somente de uma emergência de saúde pública mas, antes de tudo, de uma emergência social. Por essa razão, o UNFPA e seus parceiros colocam as pessoas no centro da resposta.
“A epidemia levantou muitas questões sobre o saneamento, o acesso a informação e a disponibilidade de serviços de saúde. O impacto social dessas epidemias exige uma mobilização nacional para proteger os direitos fundamentais de mulheres, jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade”, afirmou Yves Sassenrath.
A campanha é uma iniciativa do Fundo de População da ONU (UNFPA), em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), ONU Mulheres, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), além de entidades parceiras da sociedade civil; a ação tem ainda o apoio do DFID/Governo Britânico, Governo do Japão e Canadem.
O UNFPA aproveitou a ocasião para apresentar os materiais de comunicação da campanha que, a partir de agora, começam a estar disponíveis nos municípios de todos o país e que incluem folhetos, cartazes e vídeos testemunhais. A campanha #EuQueroMaisDireitosMenosZika estará também na mídia, incluindo mídias sociais, para alcançar o maior número de pessoas em todo o país.
O Secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, defendeu que todas as pessoas tenham acesso à insumos que permitam saber como prevenir a tríplice epidemia de dengue, zika e chikungunya. “Nós apoiamos essa iniciativa, defendemos em nossas unidades que as pessoas têm o direito de decidir, mulheres e homens, quando querem engravidar, e cabe a nós profissionais dar toda a orientação”, afirmou. Ele anunciou que os materiais serão traduzidos para o crioulo, visando os imigrantes haitianos, e que o mote de um dos cartazes da campanha, “Homem consciente se previne e se protege”, será o slogan da campanha do Novembro Azul focada na saúde integral do homem.
O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), João Gabbardo dos Reis, lembrou que Porto Alegre registrou cerca de 800 casos dos cerca de 200 mil casos de zika registrados no país, “mas isso não tira a responsabilidade do Estado e dos Municípios”.
Para o Presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Mauro Junqueira, o acesso à informação é fundamental “para que a gente possa exercer o direito e o dever, se cuidar, cuidar do nosso corpo; com acesso à informação, podemos ser mais felizes. Queria parabenizar o UNFPA pela campanha, dizer que abraçamos e vamos estar juntos”.
Em representação da sociedade civil, Lucia Xavier, da ONG Criola, lembrou que “é preciso continuar articulando com as organizações, governos e sociedade para que a gente possa pensar novas possibilidades e, sobretudo, minimizar cada vez mais os efeitos desssa epidemia entre nós”.
Parceiro da campanha desde o primeiro momento, o grupo de funk carioca Dream Team do Passinho sublinhou a importância da ação da campanha nas comunidades vulneráveis do Brasil. “A gente fez a música Mais Direitos, Menos Zika para contribuir com a nossa galera que é a galera da favela, a galera da periferia. A gente tem que se cuidar, se prevenir, não só a mulher como também o casal. E a gente, como jovens negros, está aqui junto com o UNFPA para continuar trabalhando”, disse a cantora e atriz Lellêzinha.
A cerimónia de lançamento da campanha “Mais Direitos, Menos Zika” terminou com um show do Dream Team do Passinho que, apesar da chuva, contou com centenas de pessoas dançando e cantando por “Mais Direitos, Menos Zika”, um movimento jovem e empoderado na luta por mais direitos e menos desigualdades sociais.
Texto: Tatiana Almeida
Fotos: Cristine Rochol/PMPA