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O Fundo de População das Nações Unidas foi uma das organizações apoiadoras responsáveis por levar nomes internacionais à edição Salvador do Festival Latinidades

Por Glenda Dantas

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia (Sepromi) e o Instituto Afrolatinas,  apoiou a realização de uma série de atividades em Salvador, nos dias 29 e 30 de Julho, no Festival Latinidades. Estas atividades aconteceram dentro das comemorações alusivas ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e dia nacional da líder quilombola Tereza de Benguela, comemorado em 25 de Julho. 

Nesta 16ª edição do festival, o UNFPA em parceria com o Instituto Afrolatinas e com a SEPROMI, apoiou a realização da edição Salvador/BA e organizou três eventos: o II Concerto Internacional de Contra o Racismo, que aconteceu na tarde e noite do dia 29, no Largo Quincas Berro d’água, Pelourinho; o lançamento da publicação "Da Lei do Ventre Livre aos dias atuais: Direitos sexuais e reprodutivos das mulheres negras no Brasil sob uma perspectiva histórica" e a pré-estréia do documentário “Corpos (In)visíveis", no dia 30, no Cine Teatro do Museu Eugênio Teixeira Leal, também no Pelourinho.


O II Concerto Internacional contra o Racismo apresentou as artistas nacionais e latino-americanos. Na foto, o musicista haitiano Vox Sambou. Foto: ©UNFPA Brasil/Glenda Dantas

II Concerto Internacional de Contra o Racismo

O II Concerto Internacional contra o Racismo apresentou as artistas nacionais Banda Panteras Negras e Slam das Minas Bahia, e internacionais, como o cantor ganês Rocky Dawuni, a cantora cubana La Dame Blanche, a poetisa costa-riquense Shirley Campbell Barr, entre outros. Em sua primeira apresentação em Salvador, o musicista Malawiano-Americano, Masauko Chimpbere, se disse honrado em participar de um evento que coloca no centro o protagonismo e as lutas históricas de mulheres negras: “Estou particularmente feliz por celebrar as mulheres negras porque eu venho de uma mulher negra e, para mim, quando estamos respeitando a mulher negra, estamos sendo nós mesmos como africanos”, contou o artista. O I Concerto Internacional contra o Racismo aconteceu em março de 2023, na Costa Rica, contando com a presença de artistas de toda região latina e caribenha, reforçando as vozes, estratégias e formas de lutar contra o racismo.


A Oficial de Gênero, Raça e Etnia do UNFPA,  Luana Silva, e a Dra Epsy Campbell, Presidenta do Fórum Permanente de Afrodescendentes das Nações Unidas. Foto: ©UNFPA Brasil/Glenda Dantas

Lançamento da Publicação "Da Lei do Ventre Livre aos dias atuais: Direitos sexuais e reprodutivos das mulheres negras no Brasil sob uma perspectiva histórica"

Já no domingo, o Cine Teatro do Museu Eugênio Teixeira Leal lotou para assistir a mesa de lançamento da publicação "Da Lei do Ventre Livre aos dias atuais: Direitos sexuais e reprodutivos das mulheres negras no Brasil sob uma perspectiva histórica".

A Dra Epsy Campbell, Presidenta do Fórum Permanente de Afrodescendentes das Nações Unidas, destaca o fato de a publicação trazer para o debate a cidadania para as mulheres negras. “Estamos realmente assumindo um compromisso com as jovens negras, adolescentes que têm suas vidas limitadas pela gravidez precoce. E isso implica em chamar o setor de saúde para diminuir os indicadores inaceitáveis, como o fato de mulheres negras terem três vezes mais chances de morrer em decorrência da gravidez e do parto. Este é um chamado à saúde pública e a um compromisso geral”, finalizou.

Para a Oficial de Gênero, Raça e Etnia do UNFPA,  Luana Silva, “A publicação é um marco de reconhecimento da trajetória de mulheres que chegaram aqui e lutaram pela defesa dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. É essencial que o lançamento aconteça aqui neste Festival, que mobiliza um conjunto de mulheres, e na Bahia, onde temos um compromisso de colaborar  para a redução das desigualdades. Nós reconhecemos a trajetória dessas mulheres e acreditamos que este estado tem um potencial transformador”, explicou.

A Secretária Estadual de Política de Promoção da Igualdade Racial, dos Povos e Comunidades Tradicionais do Governo da Bahia, Ângela Guimarães, explicou que o evento marcou também a celebração de parcerias importantes como o da SEPROMI com o UNFPA, o Festival  Latinidades e movimentos da sociedade civil organizada. “O levantamento de informações trazido na publicação nos dá instrumentos, enquanto Estado, a ter mais assertividade na elaboração de políticas públicas que venham ao encontro do pacto de intenções firmado entre UNFPA e Governo da Bahia”, detalhou. 


No domingo ainda aconteceu a sessão da pré-estréia do documentário “Corpos (In)visíveis", com a presença da diretora do documentário, a cineasta Quézia Lopes. Foto: ©UNFPA Brasil/Glenda Dantas

Pré-estréia do documentário “Corpos (In)visíveis”

Após o lançamento da publicação aconteceu a sessão da pré-estréia do documentário “Corpos (In)visíveis", com a presença da diretora do documentário, a cineasta Quézia Lopes. Corpos (In)visíveis é um documentário que aborda o apagamento social dos corpos negros femininos, trazendo as vivências pessoais e artísticas de onze mulheres negras. Ao discutirem temas como identidade, memória coletiva, ancestralidade, afetividades e maternidade, essas mulheres se afirmam como corpos políticos, buscando visibilizar suas múltiplas formas de ser, existir e resistir.

O UNFPA tem sido apoiador do Festival Latinidades ao longo dos últimos anos. “É muito importante a gente ver grandes organizações fazendo grandes projetos e festivais como esse, mas só é possível fazer isso com apoio. E o apoio de organizações como o UNFPA é determinante para conseguir alavancar as organizações para passos futuros”, explicou a Presidenta do Instituto Afrolatinas e idealizadora do Festival Latinidades, Jaqueline Fernandes.