A América Latina e o Caribe têm, hoje, aproximadamente 165 milhões de pessoas entre 10 e 24 anos de idade, de um total de 658 milhões. Isso significa que uma em cada quatro pessoas da região é jovem. No caso do Brasil, são 49 milhões de pessoas jovens e adolescentes, cerca de 30% do total. Investir nesta população, garantir que tenha acesso à saúde, incluindo a saúde sexual e reprodutiva, à educação e ao mercado de trabalho é investir no futuro e em sociedades mais produtivas, aponta publicação lançada nesta terça-feira, 18 de junho, pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Intitulado "165 milhões de razões: um chamado ao investimento em adolescentes e jovens na América Latina e no Caribe", o documento faz um chamado global para todas as pessoas, governos e organizações acreditem no potencial da juventude e permitam o alcance de seus direitos e de sua plena capacidade.
O exercício dos direitos das pessoas jovens e adolescentes são fundamentais para o Programa de Ação da Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD), assinado por 179 países em 1994, e para o Consenso de Montevidéu sobre População e Desenvolvimento, que veio depois. O Programa de Ação reconhece que a realização desses direitos e o acesso pleno em saúde sexual e reprodutiva só ocorrerão por meio do empoderamento de todos os setores da sociedade, inclusive adolescentes e jovens. Todo indivíduo tem a oportunidade de viver uma vida sem discriminações, violências e livre da pobreza.
A publicação “165 milhões” demonstra que as pessoas adolescentes e jovens têm nível educacional maior, mais acesso à tecnologia e são conscientes de seus direitos. Entretanto, muitos ainda têm suas possibilidades de sucesso negadas, com obstáculos que vão desde as poucas perspectivas de emprego (a taxa de desemprego juvenil na região é de 19,5%), às dificuldades de acesso ao ensino médio — apenas 59,4% das pessoas entre 20 e 24 anos concluíram esta etapa de educação — e ao alto índice de gravidez não intencional na adolescência. A taxa de gravidez na adolescência é de 62 a cada mil adolescentes entre 15 e 19 anos na América Latina e Caribe. Mesmo índice do Brasil.
Além disso, as pessoas jovens são vítimas de violência e de emergências humanitárias que incluem a migração forçada. O documento aponta que 25% das mortes de jovens rapazes ocorridas na região são por homicídios. E aproximadamente 28 milhões de pessoas da América Latina e o Caribe vivem em países distintos daquele em que nasceram.
Outro fator preocupante é o desconhecimento e a disseminação em larga escala, especialmente nas redes sociais e na Internet, de informações falsas, confusas e conflitantes. “Os jovens também são alvos de informações imprecisas, comumente disseminadas de forma irresponsável na internet, e isso é uma barreira. Jovens com pleno acesso e entendimento da informação, serviços e insumos em saúde, inclusive saúde sexual e reprodutiva, fazem escolhas mais conscientes e desenvolvem habilidades para a vida que contribuem para sociedades mais prósperas”, acrescenta a representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, Júnia Quiroga.
Permitir que as pessoas jovens exerçam seus direitos passa por garantir saúde e direitos sexuais e reprodutivos e equipá-las com informações válidas, combatendo fake news, permitindo que elas tomem decisões informadas sobre seus corpos e suas vidas e que participem do desenvolvimento completo de suas sociedades. Só assim será possível alcançar seu pleno potencial.