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O Encontro de Apresentação dos Resultados do projeto OJÚ OMO - Olhar da Juventude, realizado no último sábado (4), em Salvador (BA) foi repleto de emoção, aplausos e gratidão. Cerca de 130 pessoas, entre jovens, facilitadores (as), organizadores (as), familiares, gestores (as) do governo municipal e das comunidades participantes marcaram presença.

O novo Representante do UNFPA no Brasil, o Sr. Jaime Nadal, esteve presente - nesta que foi a sua primeira atividade oficial no país - e destacou que o OJÚ OMO "representa um alto investimento e comprometimento de todas as instituições envolvidas para a promoção e garantia dos direitos de jovens". Nadal também agradeceu ao projeto, aos parceiros e aos participantes por  terem contribuído para que o Fundo de População se aprimorasse ainda mais nas formas de escutar a juventude e de trabalhar nas comunidades.

O Representante reforçou ainda que, para o UNFPA, “investir na população jovem é a chave para o desenvolvimento, sendo fundamental oferecer as oportunidades para que os/as jovens possam construir habilidades e definir projetos de vida, para que seu pleno potencial seja alcançado e contribuam para que desenvolvimento do país seja com justiça social”.

Ao resgatar os caminhos percorridos até o OJÚ OMO, Fernanda Lopes, Representante Auxiliar do UNFPA, ressaltou as ações realizadas com jovens em Salvador desde 2009, através do projeto “Promovendo Direitos de Jovens: Cultura e Saúde Sexual e Reprodutiva em Salvador”. “O OJÚ OMO é uma história mais recente, mas nós viemos construindo e gestando o trabalho com jovens nas comunidades (Sussuarana Velha, Nova Sussuarana e Novo Horizonte), em algumas unidades escolares localizadas nos bairros da região do Cabula-Beiru e outras localizadas dentro das Comunidades de Atendimento Socioeducativos (Cases). Essa construção teve inicio em 2009”, contou, relembrando ainda que a demanda surgiu após reunião com um grupo de lideranças da sociedade civil organizada quase dois anos depois do início da atuação do Fundo de População no estado da Bahia.

Lopes enfatizou ainda que “investimentos como esse sempre vão valer a pena”. “Vamos seguir trabalhando para que cada pessoa jovem tenha seu potencial plenamente alcançado. Faz todo o sentido para o UNFPA, seja no Brasil, em Moçambique, no Egito, ou nos mais de 100 países em que estamos. Quando saímos muito cansados e preocupados de que as coisas possam não dar certo, lembramos que sim, podem dar certo. Só temos a agradecer por tudo o que vocês, jovens, têm contribuído para nossa transformação como pessoas, como equipe e como instituição no Brasil”.

Foram mais de 25 encontros presenciais, entre oficinas temáticas, rodas de diálogos, intercâmbios e reuniões de alinhamento, que somados deram cerca de 200 horas. Estes momentos foram discutidos e relembrados pelos (as) jovens durante os grupos focais realizados no início deste ano. Os seus depoimentos foram apresentados pela consultora Letícia Araújo, consultora que acompanhou o projeto desde a produção do Diagnóstico de Contexto Social das comunidades envolvidas (Subúrbio Ferroviário, Península de Itapagipe e Ilha de Maré), em 2013.

“Os (as) jovens disseram que assumiam muitas coisas nas redes e que ainda tinham o projeto no sábado, mas que valeu a pena. Eles e elas também destacaram o apoio de Marta Leiro, na articulação para participação das oficinas, como foi importante para cada um, cada uma conhecer a região e a realidade do outro, da outra, a preparação dos (as) facilitadores (as) que tinham domínio das temáticas e dinamismo nas oficinas, além do próprio  amadurecimento, entre outras coisas registradas durante os grupos”.

Para José Carlos Zanetti, Assessor de Projetos da Cese, que ao lado da colega Rosana Fernandes, esteve na coordenação do projeto, “são nos pequenos gestos que acontecem as mudanças”. “É o que nos move, é o que nos comove. E isso que os/as jovens estão fazendo e me disseram, me comove. A sabedoria e conhecimento de vocês”, disse emocionado. Ele destacou ainda que é preciso seguir lutando pela garantia de direito de todos e todas, trazendo a situação de Ilha de Maré, em especial, que faz parte de Salvador, mas estão “isolados e desassistidos das políticas públicas”.

 

Para Tatiane Anjos, participante do projeto, o OJÚ OMO foi importante para as redes que já tinham o trabalho de formação política cidadã, pois aprimorou ainda mais o discurso e engajamento dos (as) jovens. “Abriu a nossa mente. Para falarmos em público, para assumirmos a nossa identidade, não só sexual, mas racial mesmo. Para mim, um dos destaques foi a oficina de mediação de conflitos, depois da oficina pude me afirmar ainda mais enquanto jovem mulher negra”. E finalizou: “não vamos parar. Vamos dar continuidade em tudo o que aprendemos, pois somos agentes multiplicadores”. Tatiane atualmente é representante da ONG Visão Mundial no Conselho Nacional de Juventude.

O OJÚ OMO teve sua “semente” plantada em dezembro de 2011, quando ocorreu um encontro de intercâmbio com as redes do Juventude Cidadã (Cese) e os/as facilitadores/as do “Promovendo Direitos de Jovens” (UNFPA). E, entre os anos de 2013 e 2014, os cerca de 30 jovens participantes aprimoraram seus conhecimentos sobre os temas: direitos humanos e direitos da população jovem; direito à informação e à comunicação; relações de gênero e enfrentamento à violência contra as mulheres; promoção à saúde e saúde sexual e reprodutiva; sexualidades, direitos sexuais e reprodutivos; prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e aids; uso de álcool e outras drogas; mediação de conflitos.

A apresentação dos detalhes do projeto ficou a cargo de Deise Queiroz, consultora contratada para coordenação do projeto. A cientista política falou sobre o principal objetivo do OJÚ OMO, que era fortalecer as lideranças juvenis em comunidades populares de Salvador, ampliando seus conhecimentos sobre direitos humanos, direitos da população jovem, direitos sexuais e reprodutivos, com enfoque em gênero e raça, e estimulando a integração, a participação e a inclusão da juventude em diferentes espaços sociais e incidência política.
 

E fez um agradecimento às redes e organizações comunitárias que contribuíram para a realização do OJÚ OMO, a Rede Cammpi (Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de Itapagipe); a Cesep (Centro Suburbano de Educação Profissional); a Fes (Fórum de Entidades do Subúrbio); o MCPS (Movimento de Cultura Popular do Subúrbio); o MPP (Movimento de Pescadores e Pescadoras de Ilha de Maré)/ Grupo de Jovens de Ilha de Maré; a Reprotai (Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe); o Sofia (Centro de Estudos), e a Comunidade Quilombola de Rio dos Macacos. O projeto contou também com a parceria da ONG ICCO – Organização Intereclesiástica para a Cooperação e Desenvolvimento da Holanda.

 

 

Durante o evento também foi feito o lançamento do “Sumário Executivo OJÚ OMO – Olhar da Juventude”, produzido pela jornalista Rachel Quintiliano. Elaborado com o objetivo de apresentar o projeto como uma boa prática para esses/as jovens, ampliando o acesso às informações e aprimorando seus argumentos para atuar em defesa dos direitos humanos, em especial, dos direitos sexuais e reprodutivos com enfoque de gênero e raça.

Texto e fotos Midiã Santana/UNFPA Brasil