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Como parte da resposta do Sistema ONU no Brasil ao vírus zika, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) vai atuar em comunidades de Pernambuco e da Bahia, dois dos estados mais afetados pela epidemia. O trabalho será desenvolvido em parceria com organizações e redes da sociedade civil, a Fiocruz e outras instituições de governo e vai beneficiar principalmente mulheres, jovens e  afrodescendentes que vivem em contextos de maior vulnerabilidade social.

A equipe do UNFPA esteve reunida com entidades parceiras para fazer o planejamento das atividades no último dia 17 em Salvador (BA) e no dia 18 em Recife (PE). A CESE - Coordenadoria Ecumênica de Serviço, sediada em  de Salvador, será a entidade implementadora do projeto, mas as ações nos territórios serão desenvolvidas pelas demais organizações parceiras. Os coletivos irão trabalhar para mobilizar as comunidades e ampliar o acesso à informação sobre o zika e seus efeitos sobre a saúde das mulheres, com um enfoque em direitos e no planejamento voluntário da vida reprodutiva.

As atividades incluem orientação sobre direitos e acesso aos serviços, bem como ações e insumos contraceptivos para aquelas que optarem por adiar a gravidez, evitando assim os riscos associados à síndrome da zika congênita, como a microcefalia. Além do acesso a informação e insumos, haverá ações de educação em saúde e em direitos para jovens lideranças comunitárias; apoio individual e coletivo para mulheres adultas e jovens, casais e famílias em caso de gravidez não planejada, ou em casos de infecção durante a gravidez; e promoção da corresponsabilidade masculina no uso do preservativo e apoio às mulheres durante todo o processo reprodutivo – gravidez, parto e pos-parto. O projeto prevê também a oferta de informações e materiais que poderão ser utilizados no treinamento da força de trabalho em saúde (em complementação aos materiais já oferecidos pelo Ministério da Saúde e secretarias de saúde), trabalhadores/as da educação e da assistência social.

A ação conta com recursos do Governo do Japão e do Fundo Global para Emergências do UNFPA e faz parte do Marco Estratégico de Resposta Global e Plano de Operações Conjuntas para o Zika, iniciativa liderada pela OMS/OPAS e integrada pelo UNFPA e outras agências da ONU.

No Brasil, o UNFPA também está atuando de forma coordenada com a OPAS/OMS e ONU Mulheres, em ações de comunicação para aumentar o nível de informação e engajamento da população no combate à epidemia, com foco na saúde e nos direitos das mulheres. As ações estão sendo realizadas com emissoras de rádio e TV, em parceria com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), e por meio de redes sociais.

Estima-se que a demanda não-atendida por contracepção no Brasil seja de aproximadamente  6%, atingindo aproximadamente 3,5 milhões de mulheres em idade fértil. Segundo a última Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada em 2006, 28,2% dos nascimentos nos cinco anos anteriores à pesquisa não haviam sido planejados e 17% eram indesejados. A maior parte da demanda não-atendida ocorre entre mulheres negras, com baixo nível de escolaridade, e entre as residentes no Norte e Nordeste.