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Instituto sediado no Acre é um dos contemplados pelo segundo edital Nas Trilhas de Cairo

O Instituto Mulheres da Amazônia (IMA) reúne mulheres dos 9 estados da Amazônia Legal com o objetivo de promover a mobilização, e a transformação social e econômica das mulheres e crianças da Amazônia. O instituto é uma das 13 organizações beneficiadas pelo segundo edital Nas Trilhas de Cairo, iniciativa do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), voltada para o fortalecimento institucional de organizações da sociedade civil que trabalham com temas ligados ao mandato do UNFPA. 

O IMA é fruto das mobilizações sociais que culminaram no Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia (MAMA) em 1998. Com sede em Rio Branco, Acre, a organização possui aproximadamente 90 integrantes, 10 de cada estado da Amazônia legal. Após a retomada das articulações em 2018, o IMA busca, através de um movimento regional, tornar visível e dar voz às pautas e demandas das mulheres amazônidas. 

Concita Maia Manchineri, presidenta do IMA, explica que a atuação regional da organização busca evidenciar necessidades que são particulares da Amazônia. Ela conta que o IMA pauta as suas ações na diversidade da região, valorização de conhecimentos tradicionais, e no acesso à justiça social e a políticas públicas que estejam conectadas com a pluralidade cultural amazônida. 

"Nós da Amazônia somos muito tratadas como sujeitas e sujeitos periféricos. Nós somos tidos como a periferia do país. E o processo de colonização da Amazônia é um processo que continua acontecendo, de uma forma muito contundente e muito perversa. Seja da forma do garimpo ilegal, seja através da extração da madeira, seja através da matança dos povos originários.", afirma Concita. 

Com apoio do edital do UNFPA, o IMA desenvolveu um projeto de apoio organizacional da Associação das Parteiras Tradicionais da Floresta Maria Esperança, no município de Marechal Thaumaturgo, Acre. "O UNFPA nos apoiou nesse movimento de contribuir para o processo reorganizativo delas, de fortalecimento das lutas específicas das parteiras tradicionais.", explica Concita. 

IMA e Maria Esperança Nas Trilhas de Cairo

O objetivo do projeto era apoiar a articulação e mobilização da associação, que segundo Concita, se enfraqueceu devido ao desmonte de políticas públicas voltadas para os povos tradicionais. Na Amazônia, as parteiras desempenham um papel fundamental na garantia de direitos reprodutivos e saúde das mulheres e crianças. O IMA então apoiou o processo de mobilização, atualização de cadastro de 68 parteiras, promoção de atividades da associação, e assessorou questões de formalização e estruturação jurídica. 

Além disso, o IMA assessorou as negociações com agentes públicos municipais e estaduais visando a aquisição de uma sede própria, a formulação, aprovação e execução de políticas públicas  que reconheçam, valorizem e oportunizem melhores condições estruturais para que as parteiras desempenhem suas atividades com segurança e dignidade. 

Apoiando a Associação Maria Esperança o IMA também fortaleceu as próprias capacidades institucionais. Para Concita, além da própria experiência do projeto, a visibilidade da iniciativa contribuiu para que o IMA estabelecesse novas parcerias,  alcançasse novos espaços e vislumbrasse novas metas e projetos futuros. 

"Imaginávamos que daríamos passos largos, mas ainda foi além das expectativas. Com esse projeto, institucionalmente o IMA também deu uma respirada. A gente só tem gratidão pela sensibilidade e pelo apoio do UNFPA. Fortalecendo a associação de parteiras a gente se fortaleceu.", conclui.  

Os próximos passos do Instituto Mulheres da Amazônia e da Associação Maria Esperança também serão traçados nas trilhas de Cairo, já que o próximo projeto conjunto das organizações, também foi contemplado na terceira edição do edital Nas Trilhas de Cairo do UNFPA. Para Concita, a conquista foi resultado do trabalho colaborativo: "Surgiu o edital, elas ousaram, escreveram o projeto e foi aprovado. É um resultado muito positivo, é um sentimento de compartilhamento de conquista", comemora.