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Realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), em parceria com o Núcleo de Mulheres de Roraima (NUMUR) e o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o projeto Promotoras Legais Populares completou três semanas de oficinas voltadas para a capacitação de mulheres em Boa Vista, Roraima. A iniciativa pretende empoderar e formar 30 lideranças comunitárias, entre brasileiras, migrantes e refugiadas, sobre direitos, conceitos e políticas públicas relacionados ao combate à violência de gênero.

No último sábado, 22, as participantes puderam aprender um pouco sobre os diversos serviços e instituições que atuam no processo de enfrentamento à violência contra a mulher, como o Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher), o Disque 100 (Disque Direitos Humanos), o 190 (Polícia Militar), a Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), além dos Juizados de Violência Doméstica, os núcleos especializados da Promotoria e Defensoria Pública, e a Casa da Mulher Brasileira. Na ocasião, as participantes receberam a cartilha “Disque 180”, produzida pelo UNFPA, que fornece mais esclarecimentos sobre o assunto.

Na semana anterior, o tópico foi a linha histórica dos direitos das mulheres, compreendendo o período de 1970 a 2019, além de questões sobre racismo, xenofobia e violência contra mulheres LGBT. “Na linha do tempo que construímos juntas consta a Conferência do Cairo de 1994, que foi decisiva para os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Em especial, no que se refere à capacidade de tomar decisões sobre sua própria vida. Nesse momento, falamos sobre o trabalho do UNFPA na promoção desses direitos em Roraima. Além disso, as participantes venezuelanas foram convidadas a complementar a linha do tempo com os acontecimentos relevantes ocorridos na Venezuela”, explica a especialista em Mobilização de Campo do UNFPA em Roraima, Débora Rodrigues.

O projeto já tem repercutido positivamente na vida das participantes. Uma delas é a venezuelana Desirré de Jesus Valdez, uma mulher transexual que ocupa posição de liderança dentro do abrigo da Operação Acolhida onde se encontra alojada. Ela caminha com a cartilha produzida pelo Fundo de População sempre a tiracolo e já alertou os responsáveis pela coordenação de seu abrigo sobre vários casos de violências identificados. “Aqui podemos aprender, eu e minhas companheiras, sobre os tipos de violências, sobre a Lei Maria da Penha, feminicídios e agressões contra as mulheres trans e lésbicas. Para mim, isso é muito importante, porque posso levar tudo que aprendo às mulheres venezuelanas que estão passando por esse problema”, explica.