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Parceria entre o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) discute a introdução, já no próximo censo, de uma pergunta sobre pertencimento étnico-quilombola, que permitirá ampliar, de maneira significativa, a visibilidade estatística e geográfica desta população tradicional. O “Seminário de Consulta à População Quilombola para o Censo Demográfico 2020” acontece entre os dias 3 e 5 de julho, na Casa da ONU, em Brasília.

Desde 2012, a representação dos Territórios e Comunidades Quilombolas no Censo vem sendo considerada por meio da inclusão na Base Territorial do IBGE. No ano de 2016, foi iniciado um trabalho de planejamento para a inserção de um quesito de identificação étnica quilombola no Censo Demográfico de 2020. Em 2018, ocorre o processo de testes e alguns povoados serão visitadas pelos técnicos do IBGE para aplicação de questionário.

O oficial de programa para a àrea de População e Desenvolvimento do UNFPA, Vinícius do Prado Monteiro, ressalta que o censo é um retrato da população do país e das características de seus domicílios. “Ter informações sobre povos tradicionais, inclusive quilombolas, é fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas e serviços com foco nessa população e para a participação ativa da sociedade civil. O objetivo é de se chegar a um acordo entre as partes envolvidas, protegendo os direitos desses grupos”.

Além dos territórios demarcados, o censo incluirá todas as comunidades quilombolas sobre as quais existam informações disponíveis nos órgãos governamentais, nas pesquisas do IBGE e que sejam fornecidas pela sociedade civil. Nessas áreas, será perguntado à população se ela se considera quilombola, o que permitirá levantar informações sobre o total de população autodeclarada por município, por estado e para o Brasil. Com dados específicos para esta população, será possível o desenvolvimento de indicadores socioeconômicos em áreas como educação, mercado de trabalho, rendimento, condições de vida, entre outros.

O seminário reúne representantes quilombolas, organizados na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e parceiros governamentais produtores de dados sobre a temática. O evento tem o objetivo de apresentar os avanços já realizados, coletar contribuições das lideranças da sociedade civil e discutir os caminhos e possibilidades para traçar os próximos passos até o Censo de 2020.