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Incluir, pela primeira vez, a população tradicional quilombola no Censo está sendo um esforço do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que, nesta terça e quarta-feira, 28 e 29, reuniu lideranças quilombolas, órgãos produtores de informações e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) na Oficina de Consulta sobre o Cadastro de Agrupamentos Quilombolas na Base Territorial do Censo Demográfico 2020. O evento aconteceu na Casa da ONU, em Brasília. 

Este é o terceiro encontro que o IBGE promove para consultar as comunidades tradicionais e adequar o quesito quilombola no próximo Censo. A assessora da Diretoria de Geociências do IBGE, Miriam Barbuda, ressaltou a importância de mais uma etapa de consulta aos representantes quilombolas, considerando que é a primeira vez que haverá quesitos específicos  investigados no Censo Demográfico 2020 e que o Brasil terá estatísticas oficiais sobre esse grupo populacional. Segundo a assessora, a atuação do instituto em conjunto com os órgãos e as lideranças tem sido de grande importância para o desenvolvimento dos trabalhos. “A interlocução com os diferentes organismos e com a população é imprescindível para que o IBGE possa retratar a realidade desses territórios e a capilarização e o desenvolvimento do nosso trabalho depende disso”, disse Miriam Barbuda. 


Oficial de Programa para População e Desenvolvimento do
UNFPA no Brasil, Vinícius Monteiro
(Foto: UNFPA Brasil/Thais Rodrigues)

O IBGE apresentou a situação atual do andamento dos trabalhos de identificação e localização das comunidades para garantir o planejamento da base territorial a ser recenseada em 2020. Além disso, foram discutidas as dificuldades encontradas no planejamento de agrupamentos quilombolas e as estratégias de mobilização para a coleta das informações. 

Para o Oficial de Programa para População e Desenvolvimento do UNFPA no Brasil, Vinícius Monteiro, a inclusão do quesito quilombola supera as dificuldades técnicas e mostra ser a chave para a aproximação com setores públicos. “A construção e utilização destes quesitos serão fundamentais para o desenvolvimento de políticas públicas com foco nestas populações, e para que a sociedade civil possa ter informações precisas para sua atuação”, ressalta. 

Uma questão levantada no debate foi a importância de garantir que o número de comunidades seja o mais fiel possível apesar de, muitas vezes, um território poder conter dezenas de comunidades diferentes. Célia Cristina, representante da Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), disse que esse quesito representa o primeiro dado oficial que a população quilombola vai ter, por isso, a Coordenação está mobilizando a população para garantir que as pessoas sejam recenseadas corretamente.