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“Todo el mundo con el brazo derecho hacía delante. Vamos a darte tres golpes cambiando los brazos” (Todas com o braço direito na frente. Vamos dar três golpes mudando os braços). Entre sorrisos, gritos e palmas, adolescentes e mulheres venezuelanas recebiam instruções de J*, professora de caratê. 

Em lembrança ao Dia Internacional da Mulher, na última sexta-feira, 8, cerca de 90 adolescentes e mulheres migrantes e refugiadas participaram da oficina de artes marciais promovida pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). A atividade aconteceu no Abrigo de Passagem BV8, em Pacaraima (RR). 

A ação teve como objetivo promover o empoderamento, a convivência, os vínculos e a resiliência de meninas adolescentes e mulheres. As atividades aconteceram em duas sessões entre 14h e 15h20. 

J. é venezuelana e, com o seu filho, habita temporariamente o BV8. Na Venezuela, era professora de caratê para crianças e adultos e lutadora profissional, tendo representado seu país internacionalmente.


A oficina teve como objetivo o empoderamento, a convivência, os vínculos e a resiliência de meninas adolescentes e mulheres (Foto: UNFPA Brasil/Thais Rodrigues)

Tanto em Boa Vista, como em Pacaraima, o UNFPA trabalha na resposta da violência de gênero e pelo acesso à saúde sexual e reprodutiva, em especial de mulheres e meninas. A ação, além de ser integrativa, fornece ferramentas para que, em contexto de migração, as pessoas mais vulneráveis possam conseguir se proteger sem precisar agredir a outra pessoa. 

Impacto para as mulheres

A venezuelana Yessica Silva, 25, casada, mãe de cinco filhos, participou da oficina de caratê e destacou que, em razão do trabalho doméstico e falta de condições financeiras, essa foi a primeira vez que teve a oportunidade de participar de uma atividade como essa. Para ela, a oficina proporcionou um momento de descanso e liberdade. "Me senti livre de um peso: das minhas preocupações. Foi um relaxamento para o meu corpo, mas principalmente para a minha mente".

Yessica Silva, antes de vir para o Brasil trabalhava cuidando dos próprios filhos, em casas de família e em minas de ouro na Venezuela. Veio para o Brasil com a esperança de oferecer uma vida melhor à família. "Quero mostrar aos meus filhos, e principalmente às meninas, que podem ter um futuro diferente. Quero dar para eles aquilo que eu não tive”. 

 

*A identidade foi preservada por motivos de segurança