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Observadores internacionais relatam aprendizados sobre visitas técnicas durante o Censo 2022

Observadores internacionais relatam aprendizados sobre visitas técnicas durante o Censo 2022

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Observadores internacionais relatam aprendizados sobre visitas técnicas durante o Censo 2022

calendar_today 07 October 2022

Missão Observa Censo no município de Raposos (MG). Foto: ©Pedro Cisalpino/UNFPA
Missão Observa Censo no município de Raposos (MG). Foto: ©Pedro Cisalpino/UNFPA

Observa Censo reuniu especialistas internacionais em cinco estados para acompanhar e trocar experiências sobre coleta de dados populacionais

Por Thais Zimbwe

RIO DE JANEIRO, RJ - A experiência brasileira do Censo Demográfico foi observada presencialmente por especialistas de 18 países da América Latina, Caribe e África que acompanharam os trabalhos das equipes técnicas do Censo 2022 em cinco estados do Brasil, no período de 19 a 23 de setembro. A ação é parte de uma parceria entre o governo brasileiro, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). 

As visitas técnicas do Observa Censo possibilitaram que os especialistas reunissem boas práticas para implementação em seus países, além de indicar recomendações para o aprimoramento da ação no IBGE. Num primeiro momento, os observadores acompanharam a rotina da pesquisa, as etapas que cada agente percorre para cadastrar os domicílios e as pessoas, a aplicação dos questionários, visitas de retorno e o procedimento de atuação em casos de recusa. Num segundo momento, foi observado o trabalho dos supervisores com a realização de entrevistas, conferência de unidades indicadas pelo sistema, verificação de relatórios e fechamento de setores.

"Nós tivemos a oportunidade de observar sucintamente todas as etapas do processo no campo e nas instalações, toda a cadeia deste processo. E observar que o IBGE atua respeitando todas as normas internacionais. Nesta experiência, a pesquisa de pós-enumeração é uma grande área de interesse para nossos países. Queremos implementar a avaliação da coleta de dados e dar mais transparência no processo do censo na África", explica Ana Angelina Fontes Gomes, de Cabo Verde.

Observadores internacionais em frente à sede do IBGE em Belo Horizonte (MG). Foto: ©Pedro Cisalpino/UNFPA

A cidade de Belo Horizonte recebeu participantes dos países africanos de língua portuguesa representantes de Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Guiné-Bissau, que destacaram interesses de aplicação nos países sobre cartografia censitária e o desenvolvimento de aplicativos de coleta. “Alguns dos nossos países possuem apenas o dispositivo para a coleta de dados, ainda não temos aparelhos para a supervisão do trabalho de campo, o que trará muitos ganhos para a operação censitária”, completou Ana.

Participantes do Chile, Peru e Uruguai estiveram em Florianópolis e ressaltaram a metodologia de treinamento das equipes. Para Sheila Muller Perez, do Instituto Nacional de Estatísticas do Chile, toda a operação se destaca pois está pensada no usuário. “A coleta é transparente, atua de forma responsável e organizada, com metodologias flexíveis para a realidade do país. Nossos pontos de maior interesse estão nas estratégias realizadas para garantir a cobertura dos domicílios e os modos de atualização cartográfica”, comentou.

Representantes de institutos de estatísticas do México, Colômbia, Equador e Honduras realizaram visitas in loco na cidade de Recife, em Pernambuco. Os especialistas enalteceram a boa funcionalidade do dispositivo de coleta para captação e sincronização dos dados em tempo real, além do domínio dos recenseadores nos conceitos utilizados nas abordagens para as entrevistas.

Para Isaac Sidharta Salcedo Campos, do Instituto Nacional de Geografia e Estatística do México, um dos destaques identificados está na metodologia utilizada pelos supervisores, que permite a detecção de problemas no campo e a possibilidade de soluções de maneira oportuna. “Nas visitas foi possível identificar problemas semelhantes aos que enfrentamos em nossos países, como a dificuldade de acesso em domicílios de alta renda e com altos índices de violência. E foi possível aprender formas de abordar esses problemas”, explica Isaac.

Troca de informações durante missão Observa Censo em Recife (PE). Foto: ©Cambará Cine/UNFPA

Em Cabo Frio, a missão do Observa Censo contou com representantes de Bahamas, Belize, Nigéria, Senegal, Sudão e Trinidad e Tobago. Na oportunidade, os observadores aconselharam sobre a pré-codificação das atividades econômicas, que atualmente são inseridas manualmente. Mohamed Melainine, assessor técnico para Censos do UNFPA Sudão, que esteve na cidade, recomendou a possibilidade de sincronizar nos dispositivos móveis uma lista atualizada com informações do censo anterior sobre os domicílios, o que otimizaria o tempo de pesquisa.

“Foi uma experiência muito oportuna, principalmente pela possibilidade de visitas em diferentes perfis de domicílios, constatar o bom treinamento das equipes e o uso adequado das tecnologias. Listamos dezenas de boas práticas para compartilhamento com os países que irão aprimorar os processos de coleta de dados”, completou Mohamed. 

Experiência dos organismos internacionais

Representantes de organismos internacionais estiveram nas cidades de Boa Vista e Pacaraima no estado de Roraima, a convite do IBGE; e destacaram a experiência única e inovadora do Observa Censo, de poder ver na prática a experiência de coleta de dados em diversas regiões do país.

Na região Norte, os observadores acompanharam a atuação das equipes junto às populações indígenas e nos abrigos de migrantes e refugiados. Os especialistas enfatizaram a importante atuação de atores locais e representantes de agências das Nações Unidas no suporte a estas populações. 

Missão Observa Censo com família venezuelana em Roraima. Foto: ©Isabela Martel/UNFPA

Fabiana Del Popolo, representante do Centro Latinoamericano e Caribenho de Demografia (CELADE), mencionou a habilidade das equipes em lidar com a adequação cultural para estas localidades e a alta receptividade das pessoas para serem recenseadas. “Um dos destaques na nossa observação está na definição cartográfica dos territórios com a atualização automática dos questionários, a partir da aplicação das perguntas sobre etnicidade, observados nas visitas a comunidades indígenas em Pacaraima”, enfatizou ela.

A visita foi uma oportunidade para o IBGE compartilhar conhecimentos e receber contribuições a partir da perspectiva dos observadores internacionais.  O grupo presente em Roraima estabeleceu algumas recomendações sobre a inserção de perguntas sobre fecundidade e migração nos questionários básicos.