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NOTA DE PESAR - Toninho Canecão

NOTA DE PESAR - Toninho Canecão

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NOTA DE PESAR - Toninho Canecão

calendar_today 11 March 2022

Toninho Canecão, líder da comunidade Quilombo São José da Serra. Foto: Divulgação

Toninho Canecão faleceu na última quinta-feira, dia 10 de março de 2022, vítima de falência múltipla dos órgãos, em razão de uma insuficiência renal

É com profundo pesar que o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) recebeu, na manhã desta sexta-feira, a notícia do falecimento de Antonio do Nascimento Fernandes, o grande mestre Toninho Canecão, líder da comunidade Quilombo São José da Serra, na noite de ontem, 10 de março, em Resende, no Rio de Janeiro. 

Conhecido mundialmente por seu trabalho na preservação da história e da cultura africana e afro-brasileira, o Quilombo São José da Serra, o mais antigo no Estado do Rio de Janeiro, mantém viva a prática do Jongo como uma importante ferramenta de difusão e na afirmação da identidade afro-brasileira.

Desde a chegada de pessoas negras escravizadas na fazenda, em 1850, o Quilombo São José da Serra atua no enfrentamento ao racismo, promoção da igualdade racial e à intolerância religiosa no município de Valença, no estado do Rio de Janeiro. Desde o fim da Escravatura no Brasil, o território quilombola seguia a defesa de sua identidade, bem como na defesa pelo direito ao território tradicional.

Desde 2021, o território tradicional do Quilombo São José da Serra vem recebendo o apoio institucional do UNFPA, em uma parceria com Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, por meio do projeto “Apoio ao desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades negras tradicionais”. Reconhecemos a importância do trabalho desenvolvido pela comunidade quilombola, bem como a força ancestral de sua liderança. 

Toninho Canecão foi compositor de jongos - dança de roda de matriz africana, que traz consigo elementos tradicionais, religiosos e identitários -, poeta, ativista e líder reconhecido do movimento negro e quilombola no Brasil. Fundou, em 2000, a Associação de Moradores do Quilombo São José, exercendo um trabalho fundamental para o reconhecimento do jongo como patrimônio imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Seu Toninho continuará a ser inspiração e exemplo de coragem, integridade, luta e competência, especialmente para a população da Diáspora brasileira. Seu legado será preservado e as sementes de sua luta seguirão florescendo. 

O Fundo de População das Nações Unidas expressa sinceras condolências aos familiares e amigos e amigas de Toninho Canecão, que não se cansou ou mediu esforços para garantir direitos e ampliar a liberdade da população quilombola brasileira.