Go Back Go Back
Go Back Go Back
Go Back Go Back

Na pandemia, jovens da América Latina e o Caribe relatam insegurança alimentar, aumento da violência de gênero e dificuldades no acesso a ensino e emprego

Na pandemia, jovens da América Latina e o Caribe relatam insegurança alimentar, aumento da violência de gênero e dificuldades no acesso a ensino e emprego

News

Na pandemia, jovens da América Latina e o Caribe relatam insegurança alimentar, aumento da violência de gênero e dificuldades no acesso a ensino e emprego

calendar_today 12 August 2021

Pesquisa conduzida por agências das Nações Unidas entrevistou 7,7 mil jovens em 29 países da América Latina e o Caribe (Reprodução)

BRASÍLIA, 12 DE AGOSTO: 

A pandemia da Covid-19 apresenta diversos desafios à juventude global. De acordo com uma pesquisa feita pelas agências do Sistema das Nações Unidas, incluindo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), as pessoas jovens da América Latina e o Caribe relatam insegurança alimentar, aumento da violência de gênero e barreiras no acesso a ensino e emprego. Neste Dia Internacional da Juventude, comemorado em 12 de agosto, o Fundo de População da ONU destaca a necessidade de ações e medidas concretas voltadas para as pessoas jovens, incentivando sua participação e engajamento nos processos políticos e de tomada de decisão, garantindo com que seu pleno potencial possa ser aproveitado.

O levantamento realizado pelo grupo de trabalho sobre juventude da Plataforma Regional para América Latina e o Caribe foi conduzido entre maio e junho do ano passado e recebeu 7,7 mil respostas de pessoas jovens de 39 países da região, incluindo o Brasil. A insegurança alimentar é um dos temas mais preocupantes. De acordo com a pesquisa, um de cada três jovens percebe escassez de alimentos em sua comunidade. Essa escassez é maior entre pessoas indígenas, pessoas com deficiência e pessoas migrantes e refugiadas. Os resultados demonstram que 16% das pessoas que responderam à pesquisa também não contam com recursos suficientes para comprar alimentos. E apenas um de cada cinco afirma ter recebido algum tipo de apoio do governo para manter sua alimentação.

Em relação à violência de gênero, seis de cada dez pessoas jovens consultadas consideram que a violência aumentou durante a pandemia. Essa percepção é especialmente alta entre mulheres, pessoas com outras identidades de gênero e pessoas LGBTI. As pessoas jovens consultadas também se consideram desprotegidas: apenas um quarto das pessoas que responderam a pesquisa afirmam que as mulheres e meninas de suas comunidades contam com meios de pedir ajuda. 

A pandemia também impactou no acesso a emprego, renda e educação das pessoas jovens. Cerca de 10% afirmaram ter tido aulas canceladas e aqueles que permaneceram com a opção de aula online dizem enfrentar, em maioria, problemas de conexão e acesso a internet. Enquanto isso, as ocupações domésticas e com cuidados cresceram: 13% dizem que passaram a cuidar de algum dependente da família.

De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas, os desafios impostos à juventude na pandemia são um obstáculo para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em particular no caso das jovens mulheres e meninas. Meninas adolescentes são especialmente vulneráveis à má nutrição, e normas de gênero culturais com frequência dificultam seu acesso a uma alimentação nutritiva, à educação e oportunidades econômicas, podendo levar ao casamento infantil e outras práticas nocivas. Vale ressaltar que a insegurança alimentar e demais dificuldades econômicas impactam diretamente no acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, assim como ao planejamento reprodutivo. Esses fatores contribuem para altos níveis de fertilidade, morbidades e mortalidades, assim como um alto índice de gravidez na adolescência.

“A pesquisa da qual o Fundo de População da ONU participou demonstra que, mais do que nunca, é o momento de olhar para a juventude e suas necessidades particulares. Nós acreditamos que as pessoas jovens têm muita capacidade de atuar no desenvolvimento de suas comunidades e na construção de soluções inovadoras para o pós-pandemia, mas devem ter as ferramentas necessárias. Para que isso aconteça, é preciso investir no empoderamento das pessoas jovens, garantindo seu acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, sua educação e segurança alimentar. Só assim será possível não deixar ninguém para trás”, afirma a representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, Júnia Quiroga.

 

Acesse a pesquisa completa aqui (disponível somente em espanhol): bit.ly/pesquisajovenscovid