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'Não se pensa em jovens como sujeitos de direitos', diz UNFPA no IV EMDS

'Não se pensa em jovens como sujeitos de direitos', diz UNFPA no IV EMDS

'Não se pensa em jovens como sujeitos de direitos', diz UNFPA no IV EMDS

calendar_today 27 April 2017

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) debateu as políticas públicas para a juventude brasileira durante o IV Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável (EMDS), evento que acontece esta semana em Brasília. O principal objetivo da discussão foi nortear iniciativas e comentar experiências que possam trazer avanços aos direitos de jovens brasileiros.

Ana Cláudia Pereira, do UNFPA, comentou que é preciso pensar nas interseccionalidades antes de propor ações contra a violência. Foto: Jorge Salhani/UNFPA Brasil

Ana Cláudia Pereira, oficial de projeto em gênero e raça do UNFPA, compôs a mesa da sala temática “Contribuir para o enfrentamento à violência contra adolescentes ou jovens” na terça-feira (25). Ela destacou as iniciativas do UNFPA de trabalhar com a juventude, grupo populacional ainda negligenciado pelas políticas setoriais.

Ana Cláudia comentou a presença de várias juventudes no Brasil, uma vez que há diversos recortes que as tornam heterogêneas, como a violência racial ou as taxas de escolaridade desiguais para diferentes grupos. Por isso, deve-se pensar em interseccionalidades, ela afirma. Isto é, é preciso olhar as necessidades de territórios ou grupos específicos e, a partir disso, propor intervenções e realizar ações concretas.

“Pensa-se em jovens como perpetuadores de violência, mas não como sujeitos de direitos”, frisou a oficial do UNFPA. Ela disse, ainda, tomando como exemplo o racismo institucional, que a violência não é uma dimensão isolada da vida de jovens: a violência permeia todas as esferas de suas vidas.

A mesa foi mediada por Raquel Lyra, prefeita da cidade de Caruaru, Pernambuco, uma das 10 cidades mais violentas da América Latina. Raquel trouxe o tema segurança pública ao debate, afirmando que esta é a principal preocupação de aproximadamente 80% da população nordestina.

As taxas de homicídios de jovens em Fortaleza foram relacionadas a outros fatores pelo Deputado Estadual pelo Ceará Renato Roseno: 55% das/os adolescentes assassinadas/os na capital cearense eram filhas/os de mulheres que foram mães na adolescência e 73% haviam abandonado a escola há pelo menos seis meses - números que mostram que o homicídio é o desfecho de um contexto de vulnerabilidade e violação de direitos.

Roseno enfatizou a importância dessas correlações para traçar um perfil das/os jovens assassinados e criar políticas que previnam futuros homicídios.

Da mesma maneira, Gabriela Lacerda, da Secretaria de Direitos Humanos do Espírito Santo, apresentou dados relacionados à juventude capixaba residente nos bairros com as maiores taxas de homicídio. As pessoas jovens do Estado têm média de idade de 19 anos e 80% são negras/os. Além disso, somente 8,6% de seus pais têm ensino médio completo e 48% têm filhas/os ou estão grávidas.

Helder Ferreira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), afirmou que as atuais políticas para juventude não são suficientes. Ele destacou que o respeito aos direitos humanos está entre os princípios das políticas municipais para a segurança cidadã. As políticas devem ser concebidas de forma interdisciplinar, intersetorial e com a participação social e deve haver, posteriormente, monitoramento e avaliação dos resultados.

A mesa ainda contou com a participação de Jorge Bittencourt, que apresentou a Fundação Propaz, iniciativa do Governo do Estado do Pará de atenção à pessoa em situação de vulnerabilidade.EMDS Ana Cláudia Pereira 2

Renato Roseno, Deputado Estadual pelo Ceará; Ana Cláudia Pereira, oficial do UNFPA; Raquel Lyra, prefeita de Caruaru (PE); e Helder Ferreira, do IPEA, compuseram a mesa de debates. Foto: Jorge Salhani/UNFPA Brasil

EMDS

O IV Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável é organizado pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e é realizado bienalmente; seu objetivo é reunir prefeitos e prefeitas de todas as regiões do país para discutir ações visando ao desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras.

As atividades da quarta edição do evento, que tem como tema “Reinventar o financiamento e a governança das cidades”, vão até dia sexta-feira (28), no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Outras informações sobre o IV EMDS podem ser encontradas no site www.emds.fnp.org.br.

Por Jorge Salhani/UNFPA Brasil.