Você está aqui

A identificação, caracterização e mensuração da população em situação de rua por institutos de estatísticas nacionais é possível e recomendável, informam especialistas de vários países

Salvador, BAHIA – Com abertura feita pelo ministro dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, evento paralelo ao G20 reuniu especialistas para discutirem sobre o tema População de rua: coleta de dados e políticas públicas, em 28 de maio, no Centro de Convenções de Salvador, BA. Uma das principais conclusões do evento foi a de que é sim possível que os institutos de estatística dos países produzam dados e evidências sobre esta parcela da população que está mais atrás em acesso a políticas públicas, renda e diversas condições mínimas de existência.

O evento foi organizado pelo MDHC, com a parceria do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil desde a sua concepção, e reuniu profissionais do Programa das Nações Unidas para os Assentamento Humanos (ONU-Habitat), da Relatoria Especial das Nações Unidas para o Direito à Moradia Digna, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e especialistas do Canadá, Estados Unidos, França e Colômbia.    


“É fundamental construir políticas públicas ou um caminho para o desenvolvimento baseado em evidências”, disse o ministro Silvio Almeida, do MDHC, na mesa de abertura do evento paralelo do G20. Foto: Divulgação

A abertura do evento contou com discurso do ministro Silvio Almeida, defendendo a urgência de um mapeamento estatístico das pessoas em situação de rua no Brasil, para que seja possível a elaboração de políticas públicas voltadas a esta parcela da população. “Há enorme desconhecimento dos dados básicos a respeito da população de rua, bem como das causas para contextualizar o fenômeno. E a qualidade dos dados e das evidências disponíveis impacta diretamente na efetividade das políticas públicas a serem implementadas,” daí a importância da coleta de dados de qualidade.  

Para a representante auxiliar e coordenadora de Programa do UNFPA no Brasil, Júnia Quiroga, que moderou a sessão sobre Coleta de dados e análise de evidências da população em situação de rua, “de acordo com os dados apresentados nesta troca de experiências e de boas práticas,  ficou nítido que é possível conduzir processos robustos de contagem, identificação e caracterização da população em situação de rua nos países e que é essencial que isso aconteça para que se tenha o efetivo retrato deste contingente populacional e de suas necessidades”, explicou Júnia. 

O evento paralelo ao G20 para discutir a população de rua acontece no âmbito do Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI) para a identificação, caracterização e mensuração da população em situação de rua no Brasil. Este também é o tema do Plano Ruas Visíveis, lançado no ano passado pelo MDHC. O Plano tem sete eixos, sendo o 7º exatamente o da produção de dados e evidências. Foi para viabilizar este eixo que o Grupo de Trabalho foi criado e dele fazem parte Ministério de Planejamento e Orçamento (MPO), o MDHC, o IPEA, o IBGE e o UNFPA, único ente participante que não é governo. 

Sobre o G20

O Brasil assumiu, desde dezembro de 2023, pela primeira vez, a presidência temporária do G20, o Grupo que reúne as principais economias desenvolvidas e em desenvolvimento do mundo. Nessa posição, o país tem inserido na pauta de prioridades temas sociais como o combate à fome e à pobreza. Várias cidades brasileiras receberão reuniões do G20 e reuniões paralelas até a realização da Cúpula de Chefes de Estado e de governo, que vai acontecer nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro. No total, estão previstas mais de 100 reuniões oficiais, incluindo reuniões ministeriais, reuniões de alto nível e eventos paralelos. 
 


A sessão sobre coleta de dados e análise de evidências da população em situação de rua, conduzida por Júnia Quiroga, do UNFPA, contou com a participação presencial do IBGE, representado por Marta Antunes e Fernando Damasco, além da participação virtual dos Institutos Nacionais de Estatística do Canadá, França e Colômbia.  O IBGE apresentou os avanços metodológicos empreendidos para realizar um  censo das pessoas em situação de rua no Brasil. Foto: Divulgação