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Homenagens às pessoas que ajudaram a construir o curso de Obstetrícia da Universidade de São Paulo (USP), marcaram o final do VII Encontro de Obstetrícia, realizado nos dias 12 e 13 de novembro na USP Leste, na capital paulista. A última mesa do evento contou com a presença de Dulce Gualda, a primeira coordenadora do curso que em 2015 fez uma década de existência e Carla Azenha, primeira presidente da Associação de alunos e egressos do Curso de Obstetrícia da USP. Neste último momento, de partilha de conhecimento e histórias, foram narrados os desafios e vitórias dos últimos dez anos.

Na primeira mesa, “Obstetriz – cuidado e direitos na perspectiva das mulheres”, uma estudante e uma ex-aluna do curso relataram seus partos. Aline Vieira, aluna da EACH fez parto domiciliar com acompanhamento de obstetriz há pouco mais de um mês. “Eu fui extremamente respeitada". Para ela, ficou nítido que esse é o modelo de atendimento ideal, chegando a ser “tenebroso” imaginar as mulheres que não têm essa oportunidade e sofrem violência obstetrícia.

Já Samanta Ribeira, obstetriz formada pela USP Leste, narrou as dificuldades de acompanhamento de sua gravidez no SUS, com um ginecologista com diagnósticos equivocados e a demora para marcar exames. Ao desistir, resolveu pedir auxílio às professoras e foi por elas assistida. Ao fim, decidiu pelo parto domiciliar. Mas, os problemas não tinham acabado. Como seu filho não nasceu em hospital, teve que lutar contra a burocracia até conseguir os exames básicos para a criança.

As transformações da profissão nos últimos 40 anos e as lembranças de Dulce Gualda, primeira coordenadora do curso foram apresentadas na mesa “Histórias e Memórias de Obstetrícia da USP", a resistência do Conselho Regional de Enfermagem (COREN) para reconhecer a profissão, as batalhas jurídicas, os desafios para inserir o curso na USP e a contaminação do terreno da USP Leste foram algumas das dificuldades enfrentadas durante os fez anos.

Percalços acompanhados por Carla Azenha, primeira presidente da Associação de alunos e egressos do Curso de Obstetrícia da USP que terminou sua palestra dizendo ter dois sonhos: “ter um centro de assistência dentro da EACH e que todas as mulheres tenham um parto respeitoso dentro do SUS".

A história do curso de Obstetrícia confunde-se com a luta por saúde sexual e reprodutiva e direitos no Brasil e mundialmente. Com a participação da plateia lotada, de profissionais de saúde, educadores (as) e estudantes, foram homenageados representantes do Ministério Público Federal, ex-professoras, professoras, funcionários da USP, servidores públicos, ativistas e sindicalistas.

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