Você está aqui

Por Pedro Sibahi

Um dos principais objetivos do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) é acelerar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva. Para alcançar essa meta, melhorar a oferta de métodos contraceptivos é fundamental. Com base nessa proposta, o UNFPA organizou o curso de ensino a distância “Atualização Sobre DIU: Ampliando o Acesso e a Garantia de Direitos”, que teve a participação de 70 profissionais de saúde dos estados de Roraima e Manaus e foi finalizado na última sexta-feira (27). 

A formação foi realizada pelo UNFPA Brasil, apoiado pelo Escritório Regional da América Latina e Caribe (UNFPA-LACRO), com implementação da plataforma de ensino a distância Residência Educação, totalizando 12 horas de aulas. O objetivo foi atualizar profissionais dos dois estados da região norte com os dados e orientações mais recentes sobre o uso do dispositivo intrauterino (DIU) de cobre. O método contraceptivo possui eficácia superior a 99%, dura 10 anos e tem baixa incidência de efeitos colaterais.

 "No Brasil, o DIU ainda é pouco utilizado pelas mulheres que buscam contracepção, apesar de ser ofertado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde e de ser um método muito eficiente, de longa duração e reversível”, explica Anna Cunha, Oficial de Saúde Sexual e Reprodutiva do Fundo de População da ONU.

“Esse curso buscou atualizar profissionais de saúde com as melhores evidências e boas práticas sobre esse método, para que estejam confiantes ao informar as usuárias em suas escolhas e conduzam com mais segurança, em todas as etapas de inserção e utilização do DIU. Sem dúvida, o DIU é um insumo importante para ampliar e fortalecer as opções e os direitos reprodutivos das mulheres no país", completou Anna Cunha.

A atualização teve consultoria técnica e foi ministrada pela médica ginecologista Giani Cezimbra, com larga experiência em reprodução humana, contracepção e utilização do DIU. Ela destaca que “o curso foi pensado no sentido de atualizar profissionais de saúde que já tenham conhecimento e prática básica de trabalhar com o DIU, trazendo novas informações e desmistificando questões”

“A gente identificou os fatores nos contextos dos serviços, no sentido de promover que mais DIUs possam ser inseridos. Vemos que um dos fatores é a falta de treinamento dos profissionais. Desmistificamos algumas questões, trouxemos as informações mais recentes baseadas em evidência. O UNFPA, como grande promotor da qualificação da saúde sexual e reprodutiva no Brasil, teve essa ação com um objetivo que é ampliar as opções de métodos efetivamente ofertados às mulheres no país, especialmente o acesso ao DIU, sem barreiras”.

Martin Sanchez, 41 anos, é médico do programa de Saúde da Família em Manaus e participou da atualização. Para ele “é importante a divulgação do DIU porque tem muitas vantagens em relação a outros métodos, de ser reversível, de poder colocar em qualquer fase do ciclo menstrual”. 

Ele destaca que, para aumentar a acesso, também é fundamental trabalhar a questão da informação, pois “o que a maioria das mulheres e dos homens conhece são as pílulas, os métodos injetáveis e a camisinha masculina, e o resto quase não é falado”. Sanchez ainda afirmou que “o curso foi muito bom, com linguagem simples e objetiva, além de vídeos muito didáticos”.

A médica ginecologista obstetra Daniela Klink, 51, também de Manaus, já realiza a inserção do DIU em consultório e no Sistema Único de Saúde e afirmou que “o curso trouxe uma visão baseada nos estudos mais recentes, um conteúdo muito bom. Para os colegas clínicos que estão na ponta, na atividade primária, foi bem importante para ampliar a visão e compreenderem a importância do DIU”

Ela ainda destaca que “é fundamental estimular o crescimento dos LARC [métodos contraceptivos de longa duração, na sigla em inglês], especialmente do DIU. No sistema público de saúde, muitas vezes que o maior empecilho para o uso de contraceptivos é lembrar horário, se planejar, e o DIU, por ser ‘esquecível’, é fundamental”.