Nesta quinta-feira, as equipes do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil (UNFPA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se reuniram, virtualmente, para celebrar um Memorando de Entendimento que tem como um dos principais objetivos a modernização estatística com foco no censo demográfico e na produção de dados estatísticos.
Por meio de iniciativas e projetos de assistência técnica, a parceria contemplará dimensões estratégicas para a modernização do Censo brasileiro e da produção estatística do IBGE, destacando-se, em grandes linhas, i) o aprimoramento e o desenvolvimento de novas metodologias para a produção e utilização de dados, incluindo censos, pesquisas e registros administrativos; ii) melhoria e adaptação das tecnologias e metodologias do Censo e de pesquisas para sua implementação no contexto da pandemia de Covid-19; iii) apoio para desenvolvimento e uso de estimativas populacionais modeladas; iv) promoção de intercâmbio de experiências e boas práticas com outros parceiros internacionais.
Dentre as iniciativas que compõem o escopo da parceria, destaca-se o projeto Gradepop, que tem como principal produto a aplicação de técnicas de modelagem para a estimativa da densidade populacional no nível das células de grade e áreas de enumeração. O projeto, que já vem sendo discutido entre técnicos do IBGE e do UNFPA com a contribuição de diversos especialistas na área de demografia, poderá trazer inúmeras vantagens para a próxima operação censitária.
“O memorando de entendimento, assinado entre IBGE e UNFPA, consolida uma parceria antiga e, principalmente, inova ao alavancar a qualidade da operação censitária. Nessa linha destaca-se o Projeto Gradepop, que permite o acompanhamento do Censo nas suas três etapas (pré-enumeração, enumeração e pós-enumeração), mas também avança no desenvolvimento de tecnologias para o uso de variáveis sintomáticas nas estimativas populacionais. Finalmente, o Gradepop viabiliza uma integração entre as estatísticas e a geografia, ajudando a consolidar uma parceria entre a Diretoria de Pesquisas e a Diretoria de Geociências do IBGE”, analisa o Diretor de Pesquisas do IBGE, Eduardo Rios Neto.
A parceria entre as instituições se insere no contexto mais amplo da agenda de modernização do IBGE e de sua produção estatística, que tem o Censo como seu elemento catalisador e está ancorada em ações de transformação tecnológica, no uso intensivo de registros administrativos e no fortalecimento de pesquisas amostrais.
Leva em conta, também, os desafios emergentes de inovação do Censo, que compreendem a adoção de um modelo misto de coleta (entrevista presencial, por telefone e pela internet), a definição de protocolos de saúde e segurança para coleta de dados em contextos de isolamento social; e o uso de tecnologias de fronteira na supervisão e monitoramento da operação.
Com a presente cooperação, pretende-se não apenas endereçar os desafios imediatos do Censo Demográfico, mas, também, impulsionar diferentes áreas que direta ou indiretamente se beneficiam desse conjunto de inovações.
“O intercâmbio técnico entre IBGE e UNFPA deixará um legado de modernização para as estatísticas brasileiras. A pandemia, por ser um evento global, abriu ainda mais o caminho para uma troca de experiências e aprendizado para superarmos os desafios de mantermos a produção estatística nos últimos 13 meses. Esta cooperação gerará uma série de externalidades positivas a todas as demais áreas técnicas do IBGE, com impactos de longo prazo, indo muito além do seu principal objetivo de desenvolvimento de técnicas e ferramentas de apoio à qualidade da cobertura do próximo Censo”, observa a presidente do Instituto, Susana Cordeiro Guerra.
O Memorando de Entendimento firmado fortalece os laços de cooperação mantidos historicamente entre o UNFPA e o IBGE, com um foco na modernização da produção estatística do Instituto em um contexto de pandemia. As instituições possuem um extenso rol de projetos e atividades em parceria, especialmente na área de Censos e Demografia.
“Como costumamos dizer, o Censo é a espinha dorsal do sistema estatístico. É a partir dele que garantimos a produção de dados e informações essenciais para o desenvolvimento de políticas públicas que transformem a vida das pessoas. Por meio dos dados e informações do censo, podemos avançar também no monitoramento de agendas importantes acordadas internacionalmente, como a Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O censo nos fornece informações de base para acompanhar o cumprimento das metas que tratam de avanços em níveis sociais e econômicos, igualdade de gênero, saúde sexual e reprodutiva, entre outros”, afirma a representante do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, Astrid Bant.
"Há uma demanda crescente por estatísticas oficiais com maior cobertura temática, cada vez mais oportunas e de alta qualidade, e úteis para a tomada de decisões de políticas públicas. Há também um crescente reconhecimento da participação e integração de fontes não tradicionais de informação e de novos produtores de estatísticas, o que requer o fortalecimento da governança estatística. E é justamente nesse contexto que se dá a colaboração e o potencial para uma maior integração da visão do IBGE e do trabalho do UNFPA”, declara a assessora técnica regional em População e Desenvolvimento para América Latina e o Caribe do Fundo de População das Nações Unidas, Sabrina Juran.