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O webinário ocorreu na última quarta-feira (09) e o tema foi a promoção de direitos das mulheres em situação de rua

Por Guilherme Cruz

O Fundo de População das Nações Unidas  (UNFPA) e a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Bahia realizaram a 26ª edição da série “População e Desenvolvimento em Debate”. O webinário ocorreu na última quarta-feira (09) e teve como tema a promoção de direitos das mulheres em situação de rua. 

O evento seguiu a programação dos 16 dias de ativismo no combate à violência contra mulheres e abordou temas como os desafios encontrados por gestantes em contexto de rua, qualificação profissional, acesso aos serviços de saúde, racismo, sistema de justiça, política antidrogas e violência policial. 

“Pensar nos impactos vividos por essa população é pensar pela perspectiva da interseccionalidade, pois temos um perfil de mulheres em situação de rua que na sua grande maioria é de  mulheres negras. E que por esse fato, se coloca a ideia que esses corpos negros são matáveis, e que podem sofrer vários tipos de violências”, disse Emanuelle Silva, doutoranda em Saúde Coletiva da UFBA e diretora de Prevenção e Redução de Riscos e Danos no Governo do Estado da Bahia. 

De acordo com Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), atualmente a população em situação de rua no Brasil tem uma estimativa de quase 222 mil pessoas - um aumento de 140% desde 2012. Em sua fala, Maria Angélica Comis, psicóloga e coordenadora geral do Centro de Convivência É de Lei, apontou alguns dos estigmas em relação às mulheres em situação de rua. “Nós temos um estigma de criminalização da pobreza, ligado diretamente à negligência. Além disso, temos o estigma das pessoas em situação de rua como usuárias de substâncias. A condição da mulher em nossa sociedade já é difícil, imagina com todos esses estigmas juntos. (...) Esses fatores sociais são construções sociais que precisam ser desconstruídas”. Maria Angélica Comis comentou ainda sobre a  importância de políticas públicas territoriais e setorizadas, e as práticas de retirada compulsória de bebês. 

“As mulheres [em situação de rua] relatam muito medo de parir nas maternidades devido a possível retirada. Por isso, a importância do consultório na rua que são equipamentos da rede psicossocial que fazem que um serviço de saúde vá até o local possível daquela mulher. Mas quando se retira esse equipamento de saúde pública da organização da rede, perdemos um serviço de garantia ao direito à maternidade dessas mulheres”, falou Luana Malheiro, antropóloga e integrante da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA).

A mediação do evento foi realizado por Midiã Noelle, assistente de Programa do UNFPA Brasil, e por Flávia Reis, técnica da Assessoria da Secretaria de Política para Mulheres do Estado da Bahia (SPM). 

 Assista o debate na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=RObfcpjDjvw 

 

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