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São Paulo - Teve início na manhã desta quinta-feira (12) o VII Encontro de Obstetrícia, que comemora os 10 anos do curso na Universidade de São Paulo (USP). O evento, realizado Escola de Artes, Ciências e Humanidades, conta com palestras e debates sobre os desafios do parto humanizado no país. No período da manhã as discussões foram centradas nos desafios do ensino e da prática da obstetrícia no país.

Na mesa de aberta do encontro, Nádia Zanon Narchi, coordenadora do curso de Obstetrícia da USP Leste, definiu o momento como a chance de comemorar os 10 anos da retomada do ensino no país, mas também como um momento para discutir as transformações e o futuro da profissão. Na sequência, Estela Pedreira, da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo afirmou que “o parto mudou muito desde de 1972, quando o curso foi interrompido. Passou por um domínio médico e patológico e os cuidados com a mulher foram esquecidos. É preciso recuperá-los”.

Alexandre Padilha, secretário municipal de Saúde, que também esteve na abertura do evento, anunciou o primeiro concurso público para obstetrizes na cidade de São Paulo, além de um convênio com a Casa ngela, casa de parto na zonal sul, ampliando esse modelo de atendimento na capital.

Anna Cunha, do UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, destacou a mudança de paradigma das discussões sobre população, que a partir da Conferência do Cairo – Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada em 1994, passaram a considerar de forma significativa os temas relacionados a saúde sexual e reprodutiva. “Antes se privilegiava o controle populacional, muitas vezes com políticas coercitivas. A partir do Cairo a reprodução foi vista como direito, reconheceu-se como decisão íntima ter ou não ter filhos, ou quantos filhos ter”.

Anna Cunha falou também sobre a importância dos profissionais em obstetrícia que são fundamentais para a redução das mortes maternas e para que a gestação, o parto e o pós-parto sejam experiências de dignidade e vida, não de violação e violência. "As Nações Unidas sabe que investir nos profissionais de saúde é um aspecto fundamentl para defesa dos direitos humanos e concretização de uma sociedade mais igualitária e com menos inequidades".

A segunda mesa, “Obstetrizes no SUS -­ perspectivas das três esferas de governo”, teve a participação de representantes do governo federal, estadual e municipal. O assunto principal foi o desenvolvimento da Rede Cegonha, programa tripartite de apoio ao parto humanizado. Os três palestrantes ressaltaram a urgência de uma maior inserção dos obstetrizes no sistema público de saúde, com a adequação da infraestrutura dos hospitais.

Maria Teresa Massari, do Ministério da Saúde, disse que realizam-se estudos para conhecer a verdadeira demanda desses profissionais no país, e assim elaborar políticas públicas mais eficientes. Ela considerou uma vitória do movimento ver mulheres de classe média e com planos de saúde procurarem o atendimento do SUS para garantir o parto humanizado.

A última mesa da manhã foi marcada pelo reencontro de ex-estudantes da EACH, que apresentaram suas experiências profissionais. A temática foram os diferentes contextos de atuação das enfermeiras obstetrizes, apontando as vantagens e desvantagens do parto domiciliar, em casas de parto e no SUS.

O evento conta com transmissão Ao Vivo: http://iptv.usp.br/portal/transmission.action?idItem=30552

Mais informações em: UNFPA apoia VII Encontro de Obstetrícia e lança resumo executivo do Relatório Global “O Estado da Obstetrícia no Mundo (SoWMy 2014)”