Recife - O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e parceiros da sociedade civil se reuniram na semana passada para partilhar experiências no âmbito dos projetos desenvolvidos na resposta ao vírus zika, ouvir as organizações parceiras e definir uma estratégia conjunta de monitoramento e avaliação que permita atribuir subsídios para o desenvolvimento da estratégia nacional de mobilização contra o zika.
O encontro teve lugar em Recife e contou com a participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e 11 organizações da sociedade civil com atuação em Pernambuco e Bahia, estados com maior número de casos confirmados de microcefalia associada a infecção pelo vírus Zika durante a gestação.
Os projetos desenvolvidos pelas entidades parceiras se inserem na iniciativa UNFPA, “Atuando em contextos de Zika: direitos reprodutivos de grupos em situação de vulnerabilidade”, cujo objetivo é informar e promover os direitos reprodutivos de mulheres, inclusive adolescentes e jovens, visando mitigar os impactos de zika e microcefalia.
Na sessão de abertura, o Diretor da Fiocruz de Pernambuco, Sinval Brandão, sublinhou que “o número de novos casos de infecção por zika causou muitos transtornos e sequelas na população de Pernambuco e na região Nordeste”, explicando que a Fundação Oswaldo Cruz tem feito todos os esforços no sentido de acelerar os procedimentos de diagnóstico e confirmar as infecções causadas pelo vírus zika.
Para Talita da Silva, integrante do Coletivo Mangueiras, um grupo de jovens feministas e ativistas pelos direitos sexuais e reprodutivos, o encontro permitiu “perceber o que estava acontecendo tanto nas organizações de Pernambuco como da Bahia, qual o cenário atual da epidemia e quais as ações que o movimento das mulheres e o movimento social têm feito em diversos Estados a fim de repensar as respectivas estratégias”.
Com a missão de promover a troca de experiências no contexto do trabalho comunitário entre as organizações parceiras, a equipe de Monitoramento e Avaliação da iniciativa identificou possibilidades de maior alinhamento das iniciativas que buscam incorporar as perspectivas das mulheres e famílias mais afetadas pela epidemia, a fim de alcançar resultados mais eficazes.
Segundo Emanuelle Freitas Goes, representante do Odara - Instituto da Mulher Negra, com sede na Bahia, a “oficina de monitoramento e avaliação serviu para alinhar os nossos projetos, estruturar os objetivos coletivos de nossa ação tanto no enfrentamento ao vírus zika como em relação aos direitos reprodutivos das mulheres e seu direito a uma saúde de qualidade”.
Já a especialista em avaliação Sônia Fleury, que irá liderar a estratégia de monitoramento e avaliação desta iniciativa, enfatizou que “é necessário unir as forças comunitárias que já estão em campo para enfrentar a crise do zika”, e aproveitar esta oportunidade “para fortalecer os grupos que trabalham no apoio às mulheres e seus direitos sexuais e reprodutivos e a construção de uma rede envolvendo todos esses projetos para que eles possam trocar experiências”.
O encontro constituiu também uma oportunidade para os participantes apresentarem as suas propostas de projetos de mobilização comunitária e ações de comunicação que envolvam mulheres e jovens na resposta ao zika, no âmbito desta iniciativa. Ao todo, o UNFPA recebeu 11 propostas abordando temáticas relacionados com direitos humanos, saúde sexual e reprodutiva, e o empoderamento de jovens e mulheres negras.
Entre as entidades parceiras, estiveram presentes neste encontro o Grupo Curumim; Gestos: soropositividade, comunicação e gênero; Mirim Brasil - Movimento Infanto-juvenil de Reinvindicação; SOS Corpo - Instituto Feminista para a Democracia; Coletivo Mangueiras; Uyala Mucaje - Organização de Mulheres Negras de Pernambuco.
Representando a Bahia, participaram o Instituto Odara; Coletivo Mangueiras; Mulheres do Calafate; Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe (Reprotai); Flores de Dan; Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
De acordo com as últimas informações divulgadas pelo Ministério da Saúde, o Brasil continua a ser o país mais afetado pelo vírus zika, com 1.271 casos confirmados de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso. O UNFPA e seus parceiros da sociedade civil mantêm, por isso, o compromisso de apoiar as populações mais afetadas na defesa de seus direitos fundamentais e bem-estar.
Texto: Tatiana Almeida/ UNFPA Brasil
Foto: Jennifer Gonçalves/ UNFPA Brasil