cabar com a AIDS como ameaça à saúde pública em 2030
Este ano, o Dia Mundial de Luta Contra a Aids coincide com a Conferência Africana sobre Controle do HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (DSTs). Muitas pessoas que vivem com o HIV, ativistas, funcionários de governo e parceiros de desenvolvimento estão se reunindo em Harare, no Zimbabwe, para compartilhar conhecimentos sobre as estratégias mais efetivas em nossa luta coletiva contra a Aids.
Enquanto o HIV é uma ameaça global, a epidemia continua a ser um enorme desafio na África, especialmente para a África Subsaariana, onde comunidades vêm sendo devastadas pela Aids. Cada vez mais, o HIV impacta a vida de meninas adolescentes e jovens mulheres. Elas são mais vulneráveis devido à violência, casamento infantil, falta de educação em sexualidade abrangente, incapacidade de negociar o sexo seguro com seus parceiros, e falta de acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva - incluindo preservativos, testes de HIV / DST, aconselhamento e tratamento.
Mais de 5 mil mulheres jovens e meninas adquirem HIV a cada semana, a grande maioria delas no sul da África. Meninas adolescentes e mulheres jovens das regiões do sul da África adquirem o HIV de cinco a sete anos mais cedo do que seus pares do sexo masculino. Claramente, nossas respostas ao HIV devem abordar as necessidades dessas meninas adolescentes.
É crucial enfrentar as normas sociais restritivas que impedem as mulheres e meninas de acessar informações e serviços de saúde sexual e reprodutiva e ter sua saúde sexual. São necessários esforços concertados para mudar estas normas de gênero e tornar as comunidades seguras e acolhedoras para as mulheres jovens e meninas.
As pessoas que vivem com HIV e as populações mais expostas ao risco também precisam ser empoderadas para ajudar a acabar com o estigma, a discriminação e a violência, defendendo a revogação de leis punitivas e o maior acesso à justiça e aos serviços de saúde sexual e reprodutiva.
O UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, apoia o aumento dos investimentos em serviços de saúde sexual e reprodutiva integrados aos serviços de atenção ao HIV, incluindo esforços para eliminar a transmissão vertical de mãe para filho. Estamos fazendo progressos. Mas é necessário focar mais na prevenção do HIV, especialmente entre jovens, e no planejamento reprodutivo para mulheres vivendo com o HIV, para que tenhamos menos bebês HIV-positivos. O controle e a gestão do HIV continuam a ser elementos centrais das estratégias globais para melhorar a saúde das mulheres, crianças e adolescentes.
Sabemos o que funciona e sabemos como oferecer programas de prevenção baseados em evidências - combinando abordagens biomédicas, tais como o fornecimento de preservativos e a circuncisão masculina voluntária realizada por profissionais de saúde, com mudanças de comportamento para que as pessoas façam escolhas bem informadas sobre suas vidas sexuais e pratiquem sexo seguro. Precisamos também de mudanças estruturais para combater leis e políticas equivocadas, desigualdades, violência, estigma e discriminação. Pessoas de destaque podem desempenhar um papel importante como “campeões da prevenção”, encorajando pessoas e comunidades a reduzirem seus riscos, assumirem o controle de suas vidas e eliminarem a transmissão do vírus.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos desafiam a não deixar ninguém para trás. Precisamos de investimento em dados e serviços locais para garantir que estamos alcançando as pessoas mais vulneráveis.
Devemos investir no desenvolvimento integral de adolescentes através da educação, saúde, emprego e bem-estar psicológico. Temos de garantir que as pessoas em crises humanitárias, conflitos e outras situações de emergência tenham acesso a um pacote eficaz de serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo a prevenção e tratamento do HIV e DSTs. Devemos intensificar os programas com populações-chave para reduzir os impactos do HIV e proteger toda a comunidade.
O UNFPA continua apoiando os governos e as organizações comunitárias para fortalecer os serviços integrados de saúde materna e infantil, bem como as respostas lideradas pela comunidade. Apoiamos os direitos humanos das populações-chave para que vivam sem violência, estigma e discriminação e para que possam acessar livremente os serviços de que necessitam para proteger sua saúde, a saúde de seus parceiros sexuais e dependentes, e, em última instância, de toda a comunidade.
Se focarmos naquilo que funciona e trabalharmos juntos, podemos acabar com a AIDS até 2030.
Tradução: Ulisses Lacava