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Respeito às diferenças, interseccionalidade e violência baseada em gênero  foram alguns dos temas da última edição da série Roda de Diálogo. Os webinários, transmitidos às terças-feiras, fizeram parte da programação oficial da Roda das Juventudes Já!, promovida pelo Fundo de População da ONU (UNFPA), e complementam a interação entre pessoas jovens, adolescentes e especialistas para a construção de propostas para o enfrentamento das violências de gênero.  

A última edição contou com uma centralidade na ideia, estrutura e metodologia da  interseccionalidade. “Partir desse prisma é compreender fluxos e dinâmicas das causas de violências de gênero, mas também gerar caminhos para respostas e construção de uma sociedade igualitária”, afirmou na abertura do evento por Gabriela Monteiro, oficial de Assuntos das Juventudes do UNFPA, e facilitadora do encontro.  

O uso da interseccionalidade é um dos eixos centrais na criação e dinâmica formativa dentro Roda das Juventudes Já!. O termo "interseccionalidade" foi cunhado pela advogada norte-americana Kimberlé Krenshaw, no final da década de 1980, mas que representa a reunião de pensamentos, ações e ideias antigas e que demarcam uma contribuição de mulheres negras para a leitura social, os processos de subordinação e a busca por soluções. O uso da interseccionalidade auxilia na compreensão da dinâmica racial, de gênero, classe, sexualidade, e das diferenças, inclusive da multiplicidades das  juventudes.  

“A gente pode ser o próprio significado da interseccionalidade, ou seja, um bocado de coisa que não está separado, com identidades que nos orientam, a partir da nossa existência política. A interseccionalidade é um fator positivo nas políticas públicas, considerando que nós estejamos participando do pensar e executar dessas políticas. Precisamos celebrar nossa luta coletiva, criar alianças para que a gente se aquilombe e entre nas ‘casas-grandes’ que estão por aí”, afirmou Bárbara Barbosa, oficial de projetos da Oxfam Brasil e cientista política. 

Em sua fala, Bárbara Barbosa também incluiu as ferramentas da comunicação como outros elementos para o fortalecimento das juventudes e territórios. A comunicação também foi tema destacado por Rachel Quintiliano, oficial de Comunicação do UNFPA. “A partir da perspectiva da comunicação, sabemos a importância das palavras e do que é dito. Por isso, a comunicação também é um caminho essencial para o respeito às diferenças e realiza intersecções para construir uma sociedade livre de violência e que promove direitos humanos”. 

Rachel Quintiliano fez referência, principalmente, à Conferência de Cairo e seu plano de ação que apontou a comunicação como essencial para eliminação de estereótipos e defender os direitos humanos, especialmente de mulheres, meninas e pessoas jovens. “Quando a gente está falando de comunicação no UNFPA, nós estamos falando de promover a dignidade, a igualdade, a inclusão. Através de uma narrativa centrada nas pessoas, afirmativa e positiva, uma comunicação de resiliência que se torna central para o diálogo interseccional”, complementou. 

Para Viviana Santiago, especialista em Relações Governamentais e Gerência de Políticas de Gênero e colunista no Portal Lunetas e da revista Azmina, o debate ressaltado foram as formas de organização, a potencialização das juventudes negras rurais e a força das subjetividades. “A pandemia mostrou dois aspectos: a falta de internet agravou os problemas já existentes, como a falta de acesso de alunos e professores; e o aumento de crimes virtuais contra crianças e adolescentes. Por isso, é necessário unir as tecnologias, fortalecer comunidades, realizar diálogos intergeracionais para o fortalecimento de nossas subjetividades”. 

A Roda das Juventudes Já! visa fortalecer e mobilizar jovens e adolescentes e criar um espaço de construção coletiva para soluções contra as violências de gênero. A iniciativa acontece em nível regional - América Latina e Caribe -  e essa é a primeira vez que o Brasil promove o evento. A realização é uma parceria entre UNFPA, Oxfam Brasil, UNICEF, IYD Brasil, Plan Internacional, Terre des Hommes e Coletivo Não é Não.

Você pode assistir a série completa de webinários no canal de Youtube do UNFPA Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=3kbgqpyZhAo&list=PLJpZP-2V7mJATqflHhpQ7y...

Link transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=rnQFNfbgSaQ 
 

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