Você está aqui

Brasília –  O vírus zika é um problema de saúde publica que afeta diretamente o exercício dos direitos reprodutivos de mulheres e casais, pois aumenta os riscos à saúde de bebês cujas mães foram infectadas durante a gravidez. Várias ações são necessárias para o controle do mosquito do tipo Aedes, responsável pela transmissão da doença, que dependem do engajamento de todas as pessoas. Além disso, é necessária  atenção especial às mulheres em idade fértil, notadamente mulheres gravidas, que estejam planejando engravidar ou que possam engravidar por não terem acesso aos meios contraceptivos necessários para evitar gravidezes indesejadas.  

De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, mulheres e casais têm o direito a ter acesso a informações sobre o vírus, formas de transmissão e prevenção, bem como os riscos relacionados às malformações congênitas, como a microcefalia, para que possam tomar decisões informadas e embasadas em evidências científicas. Além disso, é fundamental que as pessoas interessadas tenham acesso a aconselhamento profissional e, caso decidam adiar a gravidez, possam contar com métodos contraceptivos adequados para cada caso, que podem ser obtidos em postos de saúde. Mulheres grávidas devem evitar a exposição ao mosquito do tipo Aedes e buscar o devido acompanhamento pré-natal regularmente, que também é assegurado a todas as interessadas pela rede pública de saúde. 

“O surto de zika impacta diretamente no planejamento da vida reprodutiva de mulheres e casais, já que existem fortes indícios de que as infecções em mulheres grávidas estão relacionadas com o aumento dos casos de malformações cerebrais conhecidas como microcefalia”, explicou o representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal Roig. “Por essa razão, é fundamental que as pessoas busquem se informar sobre a doença e as formas de prevenção, para que possam tomar as melhores decisões sobre engravidar agora ou adiar para um momento futuro. É importante que as pessoas possam exercer seus direitos reprodutivos de forma autônoma, bem informada, sem pressões ou constrangimentos de nenhum tipo”. 

Jaime Nadal destaca ainda, neste contexto, a importância de se ampliar a oferta de métodos contraceptivos para mulheres em idade fértil que não desejam engravidar, reduzindo a chamada “demanda não atendida” por planejamento reprodutivo. Segundo estudo da Divisão de População da ONU, 7,7% das mulheres brasileiras casadas ou vivendo em união estável com idade entre 15 e 49 anos gostariam de evitar ou adiar a gravidez, mas não têm acesso aos meios para isso. 

 

Ele lembra que não há tratamento específico para a microcefalia e não foi desenvolvida ainda uma vacina contra o zika, sendo que o método de prevenção indicado para mulheres grávidas é evitar picadas de mosquitos Aedes que possam estar contaminados. O representante do UNFPA destacou ainda a importância das ações de combate ao Aedes que estão sendo realizadas, já que, além do zika, ajudam a evitar também a dengue e a febre chikungunya, doenças também transmitidas pelo mosquito.

Jaime Nadal explica que o UNFPA prioriza o alcance universal do acesso à saúde sexual e reprodutiva e trabalha para a efetivação dos direitos reprodutivos, beneficiando principalmente mulheres, jovens e adolescentes em situação de maior vulnerabilidade. Nesse sentido, atua juntamente com seus parceiros nacionais para assegurar maior acesso e melhor qualidade dos serviços de saúde e ações de promoção e atenção à saúde sexual e reprodutiva.

Vírus zika

Descoberto em 1947 na Floresta de Zika, Uganda, o vírus esteve até recentemente confinado em pequenas áreas da África, Sudeste Asiático e ilhas do Pacífico, até que um surto da doença atingiu a Polinésia Francesa entre os anos de 2013 e 2014. O zika se espalhou pelo Brasil em 2015 e alcançou também vários países da região, onde foram registrados casos de transmissão local por mosquitos Aedes: Bolivia, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico, Suriname e Venezuela, além de países caribenhos (Barbados, Guadalupe, Haiti, Martinica e San Martin). Os países estão sob alerta epidemiológico expedido pela OPAS/OMS (Organização Mundial da Saúde).

O boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (20) indica 3.893 casos suspeitos de microcefalia registrados até 16 de janeiro em 764 municípios de 21 unidades da federação. Destes, somente 224 tiveram confirmação de microcefalia, 6 confirmaram a relação com o vírus Zika e outros 282 foram descartados. O restante continua sob investigação. 

Os sintomas são leves e somente 1 em cada 4 pessoas contaminadas apresentam alguma manifestação da doença, que pode ser confundida com uma gripe ou alergia, o que dificulta o diagnóstico; os sintomas mais comuns são mal-estar, febre, coceira e manchas na pele, muitas vezes acompanhados por conjuntivite, dores musculares ou nas articulações. Nesta quarta o Ministério da Saúde também anunciou que serão distribuídos 500 mil kits de diagnóstico para zika, dengue e chikungunya, dos quais metade estarão disponíveis em 27 laboratórios a partir de fevereiro, e o restante no segundo semestre.  

Microcefalia

No surto ocorrido na Polinésia Francesa também foram registrados casos de má-formação cerebral em fetos e recém-nascidos, mas a possível relação entre o zika e o aumento dos casos de microcefalia foi estabelecida pela primeira vez pelo Ministério da Saúde do Brasil, no final do ano passado. Cientistas brasileiros e de outros países continuam as pesquisas para comprovar a existência do vínculo, mas as fortes evidências coletadas até o momento reforçam a necessidade da prevenção da contaminação de mulheres grávidas pelo mosquito transmissor da doença, principalmente nos primeiros 3 meses de gravidez. 

A microcefalia é uma condição que ocorre quando um bebê nasce com uma circunferência craneana menor que o esperado, o que pode comprometer o desenvolvimento da criança e até causar sua morte. O Ministério da Saúde adotou como critério para definir bebês portadores da má-formação um perímetro cefálico igual ou inferior a 32 centímetros ao nascer. 

Para saber mais sobre o virus zika, acesse:

Perguntas frequentes elaboradas pela OPAS/OMS sobre zika e gravidez:

https://nacoesunidas.org/zika-e-gravidez-opasoms-tira-duvidas-sobre-a-relacao-entre-o-virus-e-a-microcefalia/

Informes epidemiológicos e informações do Ministério da Saúde sobre zika, dengue e chikungunya:

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/197-secretaria-svs/20799-microcefalia