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Conversa sobre direitos, saúde sexual e reprodutiva atrai mais de 100 adolescentes em São Paulo

Conversa sobre direitos, saúde sexual e reprodutiva atrai mais de 100 adolescentes em São Paulo

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Conversa sobre direitos, saúde sexual e reprodutiva atrai mais de 100 adolescentes em São Paulo

calendar_today 27 September 2018

O evento foi uma parceria entre o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o SESC SP e a Revista Marie Claire (Foto: UNFPA Brasil/Laís Aranha)

Mais de 100 adolescentes e jovens participaram nesta quinta-feira, 26, de debate sobre saúde sexual e reprodutiva em São Paulo. A atividade, fruto da campanha Ela Decide Seu Presente e Seu Futuro e da Aliança pela Saúde e pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos no Brasil, foi uma parceria entre o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o SESC SP e a Revista Marie Claire. A atividade aconteceu no data marcada como Dia Mundial de Prevenção da Gravidez na Adolescência.

A roda de conversa contou com a participação de Gabi Oliveira, criadora de conteúdo digital do canal De Pretas, Thatá Alves, escritora, organizadora do Sarau das Pretas e mãe solo de gêmeos, Anna Cunha, oficial de programa do Fundo de População das Nações Unidas, e Giani Cezimbra, ginecologista dedicada à saúde da população adolescente, no ADOLESCENTRO, em Brasília. A mediação foi feita por Adriana Ferreira Silva, editora-executiva da revista Marie Claire.

A plateia foi composta por mais de 100 pessoas, a maioria adolescentes de escolas públicas de São Paulo e participantes de programas de juventudes do SESC SP. A atividade também foi transmitida online pelo Facebook, na página da revista, do UNFPA, da campanha e da ONU Brasil, somando cerca de 3.500 visualizações. Entre os temas que guiaram o debate estiveram direitos sexuais e reprodutivos, autonomia e empoderamento, situações de vulnerabilidade e projetos de vida. Adolescentes que estavam na plateia também levantaram questões sobre aborto, início da vida sexual, formas de prevenção de ISTs e de uma gravidez não planejada, e a responsabilidade do parceiro na gravidez.

Da esq. para a dir.: Thata Alves, poetisa e articuladora do Sarau da Ponte pra Cá; Anna Cunha, Oficial de Programa do UNFPA; Giani Cezimbra, médica ginecologista do Adolescentro/DF, Gabi Oliveira, youtuber e apoiadora da campanha e Adriana Ferreira Silva, editora-executiva da revista Marie Claire.

“Todos nós temos direitos a uma sexualidade em condições seguras e saudáveis”, destacou Adriana logo na apresentação da atividade. “Todos têm direitos de decidir livre e responsavelmente sobre se querem ter filhos, quando, com quem e quantos vão ter. Direito de desfrutar de uma vida sexual satisfatória e segura, livre de doenças e infecções, exercida sem violência, com respeito mútuo, igualdade e o pleno consentimento entre os parceiros”, completou.

Os direitos sexuais e reprodutivos também são a base da campanha Ela Decide Seu Presente e Seu Futuro, lançada para divulgar informações de qualidade e empoderar meninas e jovens. “A campanha é uma iniciativa do setor privado e entidades filantrópicas, e apoiada por outros setores, que pretende propagar, conversar, qualificar esse debate público para falar de direitos sexuais e reprodutivos para que mais adolescentes e jovens possam estar informados para tomar decisões voluntárias sobre sua vida e sobre seu futuro, destacou a oficial de programa do UNFPA, Anna Cunha. “A maternidade é muito legal, pode ser uma experiência ótima. Mas a gente precisa pensar se é uma escolha ou falta de escolha”, questionou.

Mãe de gêmeos, agora com 7 anos, Thatá Alves falou sobre as dificuldades que enfrentou durante a gravidez não planejada, aos 17 anos. “Existe uma romantização sobre ser mãe, mas na verdade também tem uma série de problemas. Eu trabalhava desde os 13 anos, e guardei todo esse dinheiro, dos 13 aos 17 anos, para pagar a faculdade à vista. De 17 para 18 eu engravidei, e em menos de um ano, eu gastei esse dinheiro todo com fralda, com leite, coisas para os bebês”, lembra.

Tathá também destacou a importância da informação e da presença da família para conscientizar adolescentes e jovens sobre temas importantes, como a saúde sexual. “Eu não tinha celular, não tinha acesso a tecnologias. E você se prende em um casulo. Dificilmente você vai falar feliz que está grávida. Eu nunca gostei da ideia de ser mãe, nunca quis. E quando soube, fiquei com vergonha. Foi um caso dentro da família, a culpa caiu sobre mim. Teve essa dificuldade de lidar com o novo corpo, a ideia de que tudo vai mudar, e ainda hoje, sete anos depois, é difícil de se relacionar. Compromete toda uma estrutura financeira, psicológica, social”, aponta.

Ela Decide com SESC SP e Marie Claire

“Vocês que decidem se querem engravidar ou não, se querem ser pai ou não”, destacou Gabi Oliveira. “É importante que as pessoas consigam tomar decisões por si próprias, mas, muitas vezes, não basta apenas decidir. Na minha casa, por exemplo, a questão do sexo era ‘não faça’ ou ‘faça apenas depois dos 18 anos’. Ninguém conversava sobre isso. E eu acho muito estranho essa tendência de trazer esse medo do engravidar pro adolescente, ou de pegar alguma doença. A gente só traz o medo, a gente não traz a informação. E a gente precisa fazer com que o sexo, quando acontecer, seja consciente e da melhor forma possível, em todos os sentidos – que tenha proteção, que tenha planejamento, que tenha o local adequado para acontecer”, destacou.

A falta de diálogo e o medo também foram indicados pela Dra Giani como um problema que pode afetar a saúde das meninas que engravidam e dos bebês. “Se uma mulher não faz um bom acompanhamento da gravidez em qualquer idade, os riscos são maiores de complicações, dos bebês morrerem e delas também. Na questão das adolescentes e jovens, elas têm ainda mais dificuldade de acesso, morrem mais e engravidam mais não intencionamente”, afirmou. “Isso acontece primeiro porque chegar na unidade de saúde e fazer um teste de gravidez é muito difícil. Contar para os pais, para os parceiros se somam a uma série de outras dificuldades, e tudo isso faz com que o elas cheguem para fazer o acompanhamento muito tarde, já no sexto ou sétimo mês de gestação, que impede muitas vezes o uso de recursos para a garantia da saúde da mãe e do bebê”, completou a ginecologista.

Confira a seguir a íntegra desta conversa: