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A juventude traz uma visão nova sobre o enfrentamento das desigualdades e oferece um outro caminho para o desenvolvimento, com mais inclusão e menos descriminação. Além disso, a mobilização e a organização das e dos jovens em redes fortalece o enfrentamento ao racismo. Essa é a avaliação de Felipe da Silva Freitas, Secretário Executivo do Conselho Nacional de Políticas de Igualdade Racial, que participou da 3ª Conferência Nacional da Juventude, realizada em Brasília entre 16 e 19 de dezembro de 2015.  A constituição de um pacto nacional pela redução dos homicídios da juventude negra e o fortalecimento do Plano Juventude Viva, que reúne ações de prevenção para reduzir a vulnerabilidade de jovens negros à violência por meio de ações de inclusão social, foram algumas das propostas aprovadas na #3ConfJuv.

Para Felipe Freitas, o tema da Conferência – pensar as várias formas de mudar o Brasil – é muito próximo dos grandes desafios relacionados com as políticas de igualdade racial no Brasil e no mundo, no que diz respeito ao enfrentamento do racismo. “Essa Conferência representa o encontro de várias expressões juvenis, em particular das várias juventudes negras, em torno da discussão sobre como é possível contribuir com um outro projeto de país a partir do enfrentamento das desigualdades e a promoção da igualdade racial. Sem dúvida, este encontro proporciona uma plataforma importante para que a gente possa construir grandes redes em favor do enfrentamento ao racismo no Brasil e na região”, afirmou, referindo-se à América Latina.

Ele observa que os e as jovens são uma parcela fundamental da sociedade brasileira que, pela sua própria condição e pela própria experiência, têm a possibilidade de ”pensar ideias novas, pensar novas saídas para velhos problemas da sociedade brasileira e do mundo, problemas que dizem respeito ao desenvolvimento com inclusão e com sustentabilidade”.

Para Felipe Freitas, esse momento específico da vida, que é a juventude, traz um novo olhar, “diferente dos olhares já muito conhecidos com os quais temos trabalhado”, para os fenômenos relacionados à desigualdade em todo o mundo. Isso também contribuiu, segundo ele, para que a Década Internacional de Afrodescendentes da ONU tenha grandes resultados no enfrentamento ao racismo.

 

Década de Afrodescendentes

Gustavo Ayala, coordenador nacional de Centros Juvenis do Instituto Nacional da Juventude (INJUVE) de El Salvador, disse que a Década de Afrodescendentes da ONU é uma ação muito importante para recuperar a identidade da juventude latino-americana. “Temos que conhecer nossas origens e saber que estamos trabalhando para erradicar o racismo, que ainda é muito forte em nossa região”. Ele acredita que a Década é um instrumento para povos afrodescendentes reivindicarem seus direitos, sua dignidade e sua liberdade. “E isso é importante para todas as pessoas, não só para afrodescendentes”, concluiu. 
 

Na mesma linha, Silvia Siqueira Campos, do Fórum Latino-Americano e Caribenho de Juventudes (Flacj) avaliou positivamente a criação da Década. “O bom das datas comemorativas é que elas criam um alerta, jogam um foco de luz sobre o tema. E aí temos a oportunidade de debater, com mais tranquilidade, e inclusive com apoio do governo e da iniciativa privada, sobre a importância de reconhecer o desenvolvimento da população afrodescendente. Por outro lado, estamos num grande momento para colocar os e as afrodescendentes no centro da agenda de desenvolvimento do Brasil. Porque, se somos maioria neste país, temos que começar a disputar esses espaços de poder”, afirmou.
 

A Década Internacional de Afrodescendentes foi proclamada pela Assembleia Geral da ONU e vai de 2015 a 2024. Seu objetivo é oferecer um marco para as Nações Unidas, seus Estados-membros, a sociedade civil e outros atores relevantes que promova medidas eficazes para a implementação de um programa de atividades, no espírito do reconhecimento, da justiça e do desenvolvimento para as pessoas de ascendência africana.

Texto de Ulisses Lacava