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Há seis anos, sete amigas jornalistas, exaustas com o tipo de reportagens que seus veículos produziam, começaram a pensar em alternativas. E se, em vez de matérias estereotipadas que pensavam a sexualidade feminina pelo olhar masculino, criassem um canal onde pudessem debater sobre o corpo da mulher a partir de quem o habitava? Se pudessem deixar de escrever sobre dietas, e começassem a escrever sobre autoestima? Como o país seria se a mídia ganhasse um espaço para falar sobre gênero, equidade e direitos humanos? Foi a partir dessa movimentação que nasceu a Revista AzMina, um veículo jornalístico feminista por excelência. A organização é uma das contempladas pelo edital Nas Trilhas de Cairo, iniciativa inédita do Fundo de População da ONU para apoio e fortalecimento de organizações da sociedade civil. 

Segundo a diretora da revista, Carolina Oms, a ideia, desde o começo, era criar um canal bem diferente da mídia tradicional. “Nós percebemos que havia um debate crescente sobre gênero que podíamos ocupar. Sabíamos do potencial que um bom jornalismo feminista podia ter no Brasil”, explicou. Carolina brinca que a revista nasceu “na cozinha” de um coworking. Hoje, já dobrou seu número de colaboradoras, e começou a expandir sua atuação para outras áreas do jornalismo -- como o jornalismo de dados, mapeando, por exemplo, números sobre representação feminina na política. 

“O nosso propósito é continuar inovadora. Avançar e sempre dar um passo além. Sempre em constante movimento”, avalia Carolina. Desde o começo, segundo a diretora, a grande dificuldade da organização AzMina foi angariar recursos para se manter. “Como todas viemos da imprensa, não tínhamos conhecimento de como conseguir financiamento, nada disso. Hoje já aprendemos bastante”, revela.

Com o edital Nas Trilhas de Cairo, a proposta inscrita pela AzMina é justamente utilizar o apoio para melhorar sua capacidade de captação e gestão de recursos. “Esse edital entra em uma área que, para nós, é a mais difícil de conseguir apoio institucional. Porque os financiadores querem, geralmente, projetos com impactos diretos na comunidade, mas para ter impacto direto a organização precisa existir. Apoios como o edital Nas Trilhas de Cairo nos fortalecem, e acabam tendo resultado direto também”, afirma Carolina Oms.

Se depender da AzMina, o futuro já está pavimentado: envolve, entre outras coisas, o fim da violência de gênero e a defesa dos direitos de todas as mulheres. Uma luta por meio da informação e do bom jornalismo.