Você está aqui

Entre os dias de 26 a 29 de setembro, jovens da Rede de Juventude Indígena participaram da reunião “REJUIND 10 anos: protagonismo e fortalecimento institucional para prosseguir – Aprimorar a comunicação institucional para os 10 anos da Rede”. A iniciativa, apoiada pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), aconteceu na Aldeia Buriti, onde reside o povo Terena, no Mato Grosso do Sul.

A atividade reuniu 35 pessoas, sendo 20 pessoas da comunidade e outros 15 participantes indígenas de outras comunidades e povos indígenas distintos.  O objetivo de toda a atividade, além de promover o intercâmbio entre os colaboradores indígenas que trabalham com comunicação, foi a construção do plano de comunicação da REJUIND para os próximos anos, para registro e aprimoramento das ações desenvolvidas.


Comunicadores puderam editar os materiais produzidos e participaram de um momento na Rádio comunitária da Aldeia (Divulgação REJUIND/Erisvan Guajajara)

As atividades foram divididas em dois momentos. Nos dois primeiros dias, aconteceram mesas de discussões sobre temas que refletem a realidade local, bem como intercâmbio entre os indígenas a nível internacional, além de temas que abordem os direitos e cultura indígenas. O trabalho envolveu a população da Aldeia Buriti, entre jovens, anciãos, grupo de mulheres e as lideranças. Arnaldo Terena (15), jovem indígena da aldeia local, ressaltou a relevância do evento para a sua comunidade. “A importância da participação da juventude Terena é na continuação do movimento indígena, da nossa cultura enquanto indígena”, disse o jovem.

No dia 28, com participação exclusiva dos colaboradores da Rede, realizou-se a escolha da identidade visual da REJUIND e também a escolha do layout do site. Além disso, comunicadores responsáveis por captar imagens em vídeo puderam editar os materiais produzidos e participaram de um momento na Rádio comunitária da Aldeia.

Durante o último dia de encontro (29), alguns colaboradores foram à outra comunidade Terena, chamada Tereré, no município de Sidrolândia (MS). Na ocasião, 15 jovens do povo Terena e alguns Kadiweu se reuniram e trocaram experiências sobre a conjuntura atual dos povos indígenas. O encontro se deu a pedido das lideranças daquela comunidade.

Segundo Erisvan Bone Guajajara, a REJUIND é uma ferramenta de aproximação entre juventudes que potencializa suas capacidades de diferentes etnias durante esses quase 10 anos. “Agradeço as lideranças por poder dialogar com a juventude Terena da Aldeia Tereré, e poder compartilhar da conjuntura atual. É importante a participação da juventude no processo de transformação da sociedade Brasileira”, disse.


O encontro é a segunda atividade da REJUIND no âmbito de projeto voltado
para o seu fortalecimento institucional (Foto: UNFPA Brasil/Divulgação)

O novo site da Rede de Juventude Indígena estará disponível em breve, após o lançamento oficial. Para Jorge Pérez, do povo Zapoteco, do México, apesar da distância física entre os povos - mexicanos e brasileiros - existem muita semelhança entre as comunidades historicamente violadas. Por isso, a juventude precisa seguir em frente.

Jorge Pérez, do povo Zapoteco, do México, disse que apesar da distância entre os povos tem muitas coisas em comum entre os mexicanos e brasileiros. “Enquanto povos originários historicamente fomos violados, violados de nossas terras; e o recado que deixo para a juventude é que seguimos lutando. Estou muito feliz de conhecer esses espaços, como a rádio comunitaria que é um espaço, uma ferramenta saber e conhecer o processo de vocês e ver como os jovens estão muito ativos e participativos na luta pela defesa da terra”, ressalta Jorge.

Para a oficial de programa do UNFPA Brasil, Anna Cunha, encontros como esses têm o potencial de permitir articulações-chave e de desenhar, a partir das diferentes vozes e escutas, “questões que a própria rede de jovens considere prioritárias e estratégias para trabalhá-las em seus processos de comunicação e incidência”.

O encontro é a segunda atividade da Rede no âmbito de projeto voltado para o seu fortalecimento institucional, apoiado pelo UNFPA. Busca-se dar continuidade à construção de espaços de diálogo e ampliar a participação de mais jovens indígenas para compor a rede nacional. Com isso, será possível gerar propostas consensuais que reflitam as necessidades e desafios das diversas realidades, promovendo o pleno exercício dos direitos individuais e coletivos.