Segundo dossiê apresentado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais, foram 124 pessoas assassinadas em 2019
No mês da Visibilidade Trans, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) lançou nesta quarta-feira (29), o Dossiê dos Assassinatos e da Violência Contra Pessoas Trans Brasileiras. Em sua terceira edição, o documento chama atenção ao fato de o Brasil continuar sendo o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Em 2019, foram 124 mortes, seguido do México (65) e Estados Unidos (31), em um total de 74 países que reportaram.
Em visita ao escritório do Fundo de População das Nações Unidas, em Brasília, Bruna G. Benevides e Keila Simpson da ANTRA apresentaram o relatório à representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant. “Lamentamos os assassinatos e outras formas de violência que as pessoas trans são submetidas. É necessário empreender ações efetivas para que a segurança dessa população seja uma realidade. No contexto da Agenda 2030, não podemos deixar ninguém para trás, e isso também inclui a população LGBTI”, ressaltou Bant.
“Houve diminuição de assassinatos em 2019, em comparação com 2018, mas nenhuma ação foi realizada para impedir essas mortes, por isso, diminuição [nos números] não significa boa notícia. Seria boa se ninguém fosse assassinado e se todo mundo tivesse direito à saúde, alimentação, educação e emprego”, afirma Keila Simpson, presidenta da ANTRA.
Em 2019, 82% das vítimas eram negras e apenas 8% dos casos tiveram suspeitos identificados. Pessoas trans do gênero feminino representam 97,7% dos casos e 64% dos assassinatos aconteceram nas ruas. Quanto à faixa etária das vítimas, o relatório aponta que a cada ano, a idade das vítimas é menor: caiu para 15 anos a idade em que travestis e transexuais têm aumentadas as chances de serem assassinadas.
“A gente continua nesse trabalho de inserção e de diálogo, para que esse estudo reverbere em diversas instituições e, com isso, ações possam ser feitas para melhorar e enfrentar esse cenário que põe o Brasil na liderança entre os países que mais assassina a população travesti e trans”, explica Bruna Benevides, secretária de Articulação Política da ANTRA.
O documento está disponível para download: Dossiê dos Assassinatos e da Violência Contra Pessoas Trans Brasileiras
Mapa 2020
Texto: Giselle Cintra