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Em novembro do ano passado, o mundo se reuniu em Nairóbi para celebrar os tremendos ganhos dos últimos 25 anos no avanço em saúde e direitos de mulheres e meninas. Com um profundo senso de urgência, propósito e esperança, líderes de vários lugares ao redor do mundo -- de presidentes a organizações de base, de refugiados a realeza, de ativistas jovens a CEOs -- se comprometeram a acelerar a ação para assegurar saúde sexual e reprodutiva e direitos para todos e todas.

Apenas seis meses depois, esse compromisso está sendo testado como nunca antes. Enquanto sistemas de saúde lutam para responder à COVID-19, a pandemia tem um enorme impacto global na saúde materna e neonatal. Essa crise já está misturando as barreiras econômicas, sociais e logísticas que mulheres e meninas enfrentam no acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva. Mesmo onde serviços estão disponíveis e acessíveis, medo, desinformação e estigma relacionados à COVID-19 estão dissuadindo mulheres grávidas de procurarem cuidados obstétricos. 

A ausência de tratamento médico pontual provavelmente causará um aumento dramático na fístula obstétrica, uma lesão grave no parto resultante de um trabalho de parto prolongado e obstruído. 

Mulheres pobres e meninas em áreas rurais estão especialmente em risco. A incidência desproporcional entre os pobres dessa condição debilitante e às vezes ameaçadora de vidas é um reflexo de desigualdades sociais e econômicas, e de acesso desigual ao direito à saúde, incluindo saúde sexual e reprodutiva. Mesmo em tempos melhores, elas estão mais propensas a sofrer ausência de atendimento pessoal de saúde qualificado. Casamento infantil e gravidez precoce estão entre outros fatores que contribuem. 

Enquanto a fístula foi praticamente eliminada em países desenvolvidos, centenas de milhares de mulheres e meninas no mundo em desenvolvimento ainda vivem com essa condição debilitante. Como líder da campanha global Pelo Fim da Fístula, UNFPA fornece financiamento e suporte para prevenção da fístula, tratamento e programas de reintegração social. Desde 2003, nós proporcionamos que mais de 113 mil mulheres passassem pela cirurgia de reparo da fístula obstétrica.

No entanto, nós precisamos acelerar esforços se quisermos alcançar nossa ambição global de acabar com a fístula até 2030, o prazo final para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Nesse sentido, a resposta à pandemia da COVID-19 deve assegurar a entrega de serviços de saúde sexual e reprodutiva essenciais, incluindo serviços de obstetrizes e parteiras e tratamento obstétrico de emergência.

Neste Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica, a memória da Dra. Catherine Hamlin, que faleceu em março deste ano, cresce ainda mais. Ela dedicou a maior parte de sua longa vida ao tratamento de mulheres e meninas com fístula, focando não apenas na lesão física em si, mas também nas cicatrizes criadas pelo estigma e discriminação. Sua organização de caridade, Hamlin Fístula Ethiopia, trouxe esperança e cura a mulheres e meninas, aumentou a conscientização global sobre a fístula e acelerou esforços inovadores para acabar com ela.

Vamos trabalhar em memória da Dra. Hamlin para realizar seu sonho de longa vida e nossa aspiração há muito tempo almejada, eliminando essa condição evitável. Ao fazer isso, nós vamos ajudar a proteger a saúde e os direitos humanos das mulheres e meninas mais pobres e vulneráveis. 

Este texto é uma tradução. O original pode ser conferido aqui.