Carlos, 28 anos
Há um tempo atrás quando eu cheguei na Rede de Protagonistas em acção de Itapagipe (REPROTAI) eu conheci um jovem que cantava rap. Eu já estava fazendo rimas, lendo livros de poesia e aí surgiu a ideia de cantar rap também.
A vida é uma riqueza
Na canção dos pássaros e do vento a soprar
A vida é muito longa para quem sabe aproveitar
Aproveitar a vida e fazer acontecer
Só depende de você
De ver que eu sou capaz
Rapaz no mundo jaz
Da minha vida cuido dela pois sou eu o protagonista
Objetivo, força e fé, é o combustível e eu vou a pé
E vou seguindo a minha pista
Pois a vida é uma riqueza e não pode acabar
https://www.youtube.com/watch?v=Jd8BuzEJSDg
Hoje faço parte da banda Evolução MCS onde geralmente cantamos sobre o amor à vida, temas políticos e sobre as coisas boas que acontecem nessa rede de jovens.
Acho que minha missão aqui na terra é dar a outros jovens a oportunidade que eu tive. Todas as terças e quintas-feiras conversamos com adolescentes e jovens entre 10 e 29 anos. A gente trabalha questões de cidadania e de saúde, juntos criamos um caminho para eles, para que tenham seu próprio pensamento crítico e possam correr atrás de seus direitos.
Na verdade, meu objetivo é seguir fazendo música com a banda e levar minha mensagem para todos mas gostaria de estudar artes cênicas na faculdade. Eu quero estudar teatro para ter uma oficina de teatro na REPROTAI. Para mim a rede para ser completa tem que ter teatro. E agora a gente vai pegar nesse tema do vírus zika e fazer uma peça de teatro.
Queremos abordar a questão da prevenção da zika mas também do empoderamento das mulheres porque todo o mundo está culpando as mães por as crianças nascerem com microcefalia. No movimento onde eu estou a maioria são mulheres e eu admiro muito elas porque são as pessoas que nos fazem pensar. E a gente quer mostrar na peça que o problema não são as mulheres e que a responsabilidade é de todos.
Eu não tenho filhos, rola até aquele comentário “você vai ficar para titio!” porque todos os meus amigos são pais. Na verdade, tudo parte de um planejamento quando você tem um projeto de vida mais claro. Eu acho que no momento não estaria preparado para ter filho.
Mas algumas meninas que conhecemos aqui engravidaram e a gente apoia elas. Uma, acho que tem 22 anos, teve uma criança com microcefalia. Ela sofreu muito preconceito, as pessoas culpavam ela e até no hospital não era bem atendida por causa disso. Ela colocou várias questões para podermos ajudá-la, temos muitos parceiros na área da saúde e estamos acompanhando ela.
Nosso trabalho é mais de formiguinha, ninguém sabe o que estamos fazendo, mas gostamos desse negócio de cuidar do outro. A vida é uma riqueza.
Há um tempo atrás quando eu cheguei na Rede de Protagonistas em acção de Itapagipe (REPROTAI) eu conheci um jovem que cantava rap. Eu já estava fazendo rimas, lendo livros de poesia e aí surgiu a ideia de cantar rap também.