A Prefeitura de Teresina e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil formalizaram, nesta quinta-feira (15), um Memorando de Entendimento para ampliar a cooperação institucional no desenvolvimento de ações voltadas à promoção da equidade, saúde sexual e reprodutiva, atendimento a mulheres em situação de vulnerabilidade e enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas. A parceria também prevê o fortalecimento de estratégias de cooperação com outros países do Sul Global.
Durante a solenidade, foi apresentado o relatório final da pesquisa "O impacto do calor extremo no desenvolvimento da gravidez em mulheres de Teresina", conduzida pela Agenda Teresina 2030 em parceria com o UNFPA.
“Teresina é uma cidade quente, é uma mesopotâmia e é uma área de interesse para essas discussões. Foi desenvolvida uma pesquisa relacionando clima à gestação, e precisamos chamar a atenção para questões que muitas vezes não paramos para pensar”, afirmou o prefeito Silvio Mendes.
A cooperação entre as instituições teve início em 2023, por meio da Agenda Teresina 2030, estrutura da gestão municipal responsável por articular iniciativas com organismos internacionais, com foco na sustentabilidade e no monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A representante do UNFPA no Brasil e Diretora de País para o Uruguai e Paraguai, Florbela Fernandes, destacou o impacto da parceria, enfatizando que “o estudo pioneiro sobre os efeitos do calor extremo na saúde materna, com foco em mulheres negras que vivem no contexto urbano de Teresina, reúne evidências que fortalecem a capacidade de implementar ações que geram impacto real na vida da população local. Ao integrar saúde, justiça climática, igualdade de gênero e proteção social, essa iniciativa contribui para fortalecer serviços públicos, reduzir desigualdades e ampliar o acesso a direitos”. Florbela Fernandes afirmou, ainda, que “o futuro climático exige respostas integradas que conectem saúde, proteção social e adaptação. A experiência de Teresina pode inspirar soluções em outras cidades do Brasil e do Sul Global."
Os dados da pesquisa foram apresentados pelo coordenador da Agenda Teresina 2030, Leonardo Madeira, e pela líder da pesquisa, Elisa Carvalho. O estudo ouviu gestantes em 75 Unidades Básicas de Saúde da zona urbana da capital, que relataram sintomas relacionados ao calor, como fadiga, pressão alta e ansiedade, além da ausência de orientações sobre como lidar com essas condições durante a gestação.
A análise revelou o impacto do calor extremo sobre a saúde e o bem-estar das gestantes. Os resultados são expressivos:
- Mais de 90% das entrevistadas relataram desconforto frequente com o calor extremo;
- 89,4% afirmaram que o calor impactou diretamente sua saúde física;
- 93% relataram aumento do cansaço e 57% mencionaram dificuldade para respirar;
- 44% classificaram a intensidade do calor como extremamente alta e 37,5% como alta;
- 70,4% consideram suas residências não adaptadas a situações de calor extremo;
- 36,6% expressaram alto nível de preocupação com os efeitos do calor na saúde da gestante e do bebê, seguidas por 30% com preocupação moderada.
A pesquisa recebeu reconhecimento internacional ao ser premiada no concurso Climate Change XX: Women’s Health in Focus do UNFPA Global, que destacou iniciativas inovadoras sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde de mulheres e meninas.
O estudo consolidado será publicado nos sites da Prefeitura de Teresina e da Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão, contribuindo para ampliar o acesso à informação e subsidiar futuras políticas públicas baseadas em evidências.
Com informações da Agenda Teresina 2030