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Para valorizar uma parcela da sociedade historicamente marcada pela resistência ao racismo e a outras violações de direitos, evento em parceria entre o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reuniu lideranças quilombolas para pensar estratégias que permita incorporar no próximo Censo Demográfico, previsto para 2020, dados relacionados às comunidades tradicionais quilombolas.

O “Seminário de Consulta à População Quilombola para o Censo Demográfico 2020” aconteceu entre os dias 3 e 5 de julho, na Casa da ONU, em Brasília. O evento reuniu representantes quilombolas, organizados na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e parceiros governamentais produtores de dados sobre a temática. O evento teve o objetivo de apresentar os avanços já realizados, coletar contribuições das lideranças da sociedade civil e discutir os caminhos e possibilidades para traçar os próximos passos até o Censo de 2020.

Segundo o representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, a parceria vai ao encontro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e só reforça os ideais das Nações Unidas ao adotar a agenda 2030. “Considerar a população quilombola é fundamental para garantir que compramos o desafio de não deixar ninguém para trás; é colocar a população quilombola no centro ressaltando a importância desse povo tradicional e ancestral como indivíduos de direito”.

Para Miriam Barbuda, diretora adjunta da Diretoria de Geociências do IBGE, o Brasil, sendo um país de dimensões continentais, os cadastros auxiliam para que se consiga ter uma referência de cobertura das comunidades mais tradicionais. “Essas comunidades têm uma ocupação fundiária considerável dentro do território nacional e estão bem espalhadas. Então, a atualização do mapeamento nos ajuda a identificar geograficamente como esses grupos se relacionam com o meio ao seu redor”.

As equipes responsáveis por atualizar o levantamento trabalham para criar mecanismos de captação das novas informações e perguntas adequadas para garantir a inclusão das comunidades.

Segundo Guinê Ribeiro, quilombola do estado do Maranhão, é importante ter um quantitativo oficial para pensar políticas públicas para os povos tradicionais e população negra. “Os anos de diálogo com o governo e parceiros fazem com que as comunidades sejam protagonistas de suas próprias histórias e possam sair da invisibilidade, já que a população negra constitui a maioria do país”.

Além do IBGE, UNFPA e sociedade civil, participaram do evento representantes da Fundação Cultural Palmares, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), organismos produtores de informações sobre o tema.